As cenas lamentáveis deste domingo em Brasília por parte de centenas de bolsonaristas, que foram em caravana para a capital federal, foram o ápice de um desfecho anunciado. Uma escalada que vem desde o incêndio de veículos e a tentativa de ataque à sede da Polícia Federal em Brasília no dia da diplomação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e da tentativa de um atentado na região do aeroporto de Brasília na véspera de Natal. A versão brasileira do que se viu no Capitólio norte-americano após a derrota de Donald Trump se confirmou. Os apoiadores de um golpe militar contra o resultado das urnas, portanto antidemocratas, portanto golpistas, ocuparam emblematicamente as sedes dos Três Poderes, os poderes da nação. E por lá ficaram, sem reação por mais de duas horas.
Isso se deu pelo despreparo da Secretaria de Segurança do Distrito Federal em garantir segurança e também dos setores de inteligência do governo federal, Congresso e Poder Judiciário. Porque as sedes dos Três Poderes eram alvos previsíveis dos vândalos, que os encontraram absolutamente desprotegidos. As cenas golpistas deste domingo também se deram pela demora na ação do governo federal em retirar espaço, simbolicamente na frente de quartéis, de apoiadores antidemocratas do ex-presidente Bolsonaro que seguem reivindicando intervenção das Forças Armadas. Já faz uma semana que o novo governo assumiu. Diante do cenário, que se manteve praticamente inalterado, mesmo depois da posse do novo governo, isso foi um recado e um estímulo aos antidemocratas.
A ação de supostos manifestantes, em Brasília e em todos os cantos do país, na verdade antidemocráticos e golpistas, tem de ter um basta.
Tiro no pé dos bolsonaristas e da direita
Sob o ponto de vista da consequência política, os atos deste domingo em Brasília são um tiro no pé dos movimentos de direita e também do ex-presidente Jair Bolsonaro. Parece não restar dúvida que a repressão a tais movimentos, seus protagonistas diretos e seus financiadores vai aumentar.
Politicamente, retira credibilidade e autoridade democrática para os movimentos de direita e seus representantes políticos.