O programa de ontem do candidato Eduardo Leite (PSDB), em seu horário eleitoral gratuito no rádio, voltou a enaltecer a gestão do ex-governador José Ivo Sartori – o que ele faz sempre que pode – no que diz respeito ao debate sobre o saneamento das contas públicas. “O Governo Sartori, com responsabilidade e transparência, teve muito mérito quando trouxe para o debate público a realidade das contas do Estado”, diz o apresentador. Leite emenda um “é verdade” e depois recapitula suas ações de governo a partir da base recebida do ex-governador.
É um reconhecimento com viés eleitoral, por certo, ainda mais depois das refregas entre os dois nos debates da eleição de 2018, que deixaram marcas. Mas também é um reconhecimento a um antecessor que lançou as bases da responsabilidade fiscal, caminho que foi seguido por Leite em sua gestão.
Não tem sido, e não será suficiente para mover e comover o ex-governador Sartori no rumo de uma manifestação a respeito das eleições deste ano. Ele pretende permanecer em silêncio. Não dá entrevistas, aliás, desde que deixou o governo, e lá se vão quatro anos. Desde a convenção do partido que optou pela indicação do vice na chapa do candidato Leite, em 31 de julho, abrindo mão da candidatura própria, Sartori não tem se manifestado em suas redes sociais, como chegou a fazer nos dias pré-convenção, para defender a candidatura e o protagonismo do MDB. Neste período, gravou vídeos em apoio aos emedebistas caxienses Carlos Búrigo e Mauro Pereira, que concorreram à Assembleia e à Câmara. Suas raras aparições se dão em atividades partidárias internas (como na foto, em agosto) ou programações comunitárias. Os interlocutores, nesses momentos, testemunham que Sartori não dá pistas nem se manifesta politicamente. Em uma das últimas aparições públicas, na premiação do Concurso dos Melhores Vinhos, Sucos de Uvas e Espumantes de Caxias do Sul, em 24 de setembro, quanto se reencontrou com ex-prefeitos, um deles, Alceu Barbosa Velho (PDT), que foi vice-prefeito de Sartori, sintetizou o encontro:
– Sartori não mudou nada. Um túmulo.
O silêncio é porque o ambiente político desta eleição deixou Sartori muito chateado. Em especial, a decisão do MDB de abrir mão da candidatura própria, mais ainda para apoiar Leite, com quem teve debates desconfortáveis em 2018, além do cenário de poucas alternativas para a Presidência. E em silêncio Sartori chegará ao segundo turno. É uma voz que fez e faz falta no debate eleitoral.