A reportagem As demandas da educação, publicada na edição de terça-feira (20/9) do Pioneiro e em GZH, dentro da série de reportagens que elenca demandas regionais para os futuros governantes, escancara os desafios do setor. A quantidade e a complexidade deles são desconcertantes: valorização dos professores, com incentivo à formação e à capacitação continuada, incluindo a valorização salarial; recuperação da estrutura física das escolas, com sinais emblemáticos de abandono; investimento em modernização tecnológica; melhorar o acesso ao ensino profissionalizante; ampliação da oferta de vagas na rede pública, bem como do número de escolas que ofereçam educação integral; mais a recuperação da aprendizagem devido ao impacto da pandemia. E um aspecto perturbador, a escassez de profissionais da educação disponíveis, desestimulados pela desvalorização da profissão, que inclui como ação sugerida aos governantes programas que fomentem a busca por cursos de licenciatura.
Quer dizer, em determinadas áreas, não há mais atrativo para ser professor, e já não é de agora. Esse é o estágio da educação, à espera da implementação de ações em âmbito federal e estadual, onde há eleição daqui 12 dias.
É de se perguntar: como a educação pública chegou onde chegou? Que insanidade e desvario estratégico considera educação gasto, e não investimento indispensável para o desenvolvimento de um país? Essa é a visão em curso, que inclui educação no teto de gastos, a Emenda Constitucional 95. Como avançar na remuneração de professores e na qualidade da educação sob um teto limitante?
Nesta terça-feira, os gaúchos lembraram da Revolução Farroupilha. São tamanhos e gigantescos os desafios, e todos ao mesmo tempo, e ainda sob limitação orçamentária, que a revolução que precisamos é a da educação.
Sob o limite do teto
Em dezembro passado, a Comissão de Educação do Senado aprovou relatório da subcomissão para a retomada educacional com a pandemia. O relatório do presidente da subcomissão, Flavio Arns (Podemos-PR), faz 40 recomendações sobre ações a serem tomadas este ano para superar o déficit em infraestrutura e a sucessão de dificuldades. Uma das propostas é excluir a educação do teto de gastos. Mas tudo é lento na administração pública. E a educação não pode esperar.
É uma contradição a resolver. Com educação comprometida, fica comprometido também o desenvolvimento de um país.