Se por um lado, o governo do Rio Grande do Sul prevê investir R$ 1,2 bilhão em obras e na qualificação do ensino no Estado até 2022, por meio do plano Avançar na Educação, por outro deixa a desejar no cuidado e atendimento a outras instituições, como o Colégio Estadual Imigrante de Caxias do Sul.
Dois anos é o tempo que a comunidade escolar da instituição de ensino precisa conviver com os destroços do muro lateral, que desabou. O reparo deveria ser realizado pelo Estado. Entretanto, de acordo com a diretora Simone Lorandi Comerlato, até o momento não existe retorno de quando as obras devem ser iniciadas.
O muro da escola, localizada no bairro Bela Vista, desabou em 2019 por problemas estruturais, como infiltração de água. Simone se tornou diretora no dia 9 de julho deste ano e relata que, desde que assumiu, a situação não avançou. O Estado chegou a abrir uma licitação, mas a empresa ganhadora contesta o valor, alegando que este está defasado.
— Eu sempre me questiono: será que é preciso acontecer algo mais grave para que se tome uma atitude urgente? Isso não é de hoje, já fazem dois anos — aponta Simone.
A situação causou a interdição da quadra de esportes, que também era usada por um grupo de escoteiros, e tem causado transtornos tanto na escola quanto na rua, por causa dos pedestres e fluxo intenso de veículos. A situação é agravada pelo retorno nesta segunda-feira (8) das aulas 100% presenciais nas escolas do Rio Grande do Sul. Visto que, para a volta às aulas, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde do Estado recomenda cuidados sanitários básicos, como uso de máscaras da forma correta, ventilação de ambientes e preferência por atividades ao ar livre.
— Isso é inadmissível. Nós precisamos de espaço, principalmente as áreas abertas. Está se tornando muito perigoso para a comunidade também, pode desabar mais a qualquer momento. Os alunos e vizinhos passam a pé e os escombros estão na calçando, forçando a andar no meio da rua — reforça.
No último dia 28 de outubro, o tema chegou a repercutir na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul. O vereador Rafael Bueno levou a situação ao plenário após ter sido acionado por idosos e pessoas com deficiência (PCDs) que precisam passar pela calçada.
A diretora conta que irá aguardar um retorno do Estado até esta semana. Contudo, caso ele não ocorra, a escola, juntamente com o Conselho de Pais e Mestres (CPM), planeja se deslocar para Porto Alegre para cobrar uma resposta da Secretaria de Obras e Habitação (SOP).
— Se a gente pudesse fazer algo com recursos próprios, já teríamos tomado uma atitude. Mas a escola não pode mexer. A escola não pode fazer nada, precisa aguardar a secretaria — desabafa Simone.
Contraponto
Em nota, a Secretaria de Obras e Habitação (SOP) informou que "a empresa, que havia assinado a Ordem de Início dos Serviços (OIS), pediu reequilíbrio financeiro" e, com isso, o processo retornou para a SOP. E que "até o final desta semana, a demanda será devolvida à Secretaria da Educação para a continuidade dos trâmites visando a retomada das obras".