Guilherme Mantovani, natural de Carlos Barbosa, é o gerente comercial da Riedel, referência mundial em taças de vinhos. Mas, antes de toda esta experiência internacional no mundo vinícola, o morador da Serra, com formação na área de Administração, já tinha acumulado a experiência em outro ramo industrial bem diferente, o de utilidades domésticas. Ele trabalhou por anos na Tramontina, empresa de sua terra natal. E foi responsável pelas operações da fabricante gaúcha na França, e posterior transferência para a Alemanha.
O interesse pelos vinhos já havia sido manifestado ainda na época da faculdade, pois seu trabalho de conclusão de curso foi sobre o tema. Mantovani, inclusive, chegou a fazer estágio em vinícolas. Mas a paixão por este mundo veio ainda antes:
— Quando eu era pequeno, a gente ia buscar garrafão na Miolo quando a vinícola era uma casa pequena em um porão de terra batida. Minha paixão começou ali, vendo meu pai beber, e por estar sempre circulando na região e vendo a beleza desta arte que é tão milenar e tão incrível — relembra Mantovani.
A entrada na Riedel ocorreu quando já estava morando na Europa e querendo se aproximar do mercado vinícola.
— Um dia eu entrei em contato por e-mail com a Riedel e, no dia seguinte, eu recebi uma ligação do diretor dizendo que queria fazer uma entrevista comigo, porque ele precisava de um brasileiro para trabalhar com ele. Eu disse ok e, na semana seguinte, eu já estava trabalhando com a empresa — destaca.
A virada de carreira foi ainda mais interessante do que se tivesse escolhido uma vinícola. Trabalhando com taças, tem a oportunidade de conhecer várias delas e em diversos locais do mundo.
— É difícil dizer que um vinho é melhor do que outro, pois é questão de gosto. É aí que está a magia de degustar um vinho ou outro em uma taça X ou Y. É sentir a diferença e avaliar a parte mais técnica do que acontece na taça e como isso vai influenciar na experiência sensorial. É um pouco até mais educativo do que simplesmente vender — compara Mantovani.
Apesar de ser muito famosa, o diretor destaca que a rede é uma empresa familiar e com estrutura bem enxuta. Na hierarquia organizacional, o morador da Serra está abaixo somente do CEO, que é o proprietário da empresa, Maximilian Riedel.
— A comunicação é bem direta, não é burocrática. É uma estrutura bem simples e funcional. Eu não conhecia até hoje nenhuma empresa que trabalhava junto com o seu cliente desta maneira. Há poucas décadas, este era um mercado que não existia, se desfrutava de um vinho de forma diferente, e esta demanda foi criada de porta em porta, explicando, fazendo degustações, polindo taças...
Mantovani está há oito anos na Riedel, começou responsável pelos mercados da América Latina e, depois de um ano, foi convidado a administrar vários mercados, incluindo a Europa, sua base de morada atualmente. Mas ele está programando mudança para Barcelona, sede de uma das principais importadoras do grupo austríaco, o que deve ocorrer nos próximos meses.