O aumento do consumo de vinhos finos desde o início da pandemia é motivo de comemoração para o setor, mas também faz com que as vinícolas se preocupem ainda mais com a estiagem na Serra, a maior região produtora de uva do país. Com estoques baixos e dependendo do tamanho da quebra de safra, a tendência é que a indústria tenha dificuldades para atender o mercado.
De acordo com o presidente da União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra), Deunir Argenta, se a redução da colheita chegar a 20%, a situação será preocupante.
— Quanto maior fosse a colheita, melhor, porque os estoques estão baixos. Nós esperávamos uma safra boa, ela estava se conduzindo assim, com boa floração. Agora ainda é cedo para saber o prejuízo em termos de quantidade, mas alguma coisa, com certeza, vai prejudicar — comenta.
No caso das uvas comuns, ele estima que se houver uma quebra nas mesmas proporções que para as viníferas, o prejuízo seria menor, porque há estoque excedente. Outra preocupação do setor é com relação ao preço da uva. Se de um lado produtores precisariam ser melhor remunerados em função da redução de volume de produção, de outro a indústria diz que o preço mínimo do quilo da uva, em R$ 1,31, com alta de 19,09%, ficou acima da inflação. O representante das vinícolas acredita que deve ocorrer um equilíbrio de preços em função destes fatores, mas não descarta o aumento.
— A necessidade de algumas vinícolas pode inflacionar a uva — disse.
Em entrevista ao programa Gaúcha Hoje, da Gaúcha Serra, nesta quarta-feira (5), o presidente da Comissão Interestadual da Uva, Cedenir Postal, comentou que ainda não havia sinalização no sentido de aumento por parte das indústrias. Um dia antes, no mesmo programa de rádio, o prefeito Adiló Didomenico (PSDB), já havia afirmado que seria preciso remunerar um pouco melhor os agricultores que fornecem a fruta para a Festa da Uva para compensar o prejuízo, mas o presidente da Uvibra destacou que, por enquanto, seria um caso pontual.