A safra da uva que tinha boas expectativas em termos de volume e qualidade até o ano passado, começa o ano com previsões nada animadoras. Em função da estiagem, entidades que representam o setor estimam que a quebra de produção possa chegar a 40% ou mais em relação ao ano passado. Cabe destacar que o volume da última colheita foi excepcional, o que já fazia com que as estimativas para a safra deste ano fossem menores em função de que as videiras costumam produzir menos no ano seguinte ao de uma produção muito volumosa. Mas, mesmo na comparação com safra normais, a queda estimada também é de cerca de 20%.
Os números foram repassados pelo presidente do Conselho de Planejamento e Gestão da Aplicação de Recursos Financeiros para Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Uvibra-Consevitis-RS), Luciano Rebelatto. Ele também é presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Garibaldi, Coronel Pilar e Boa Vista do Sul, regiões que têm variedades de uva mais precoces e, portanto, que sofrem mais perdas. Segundo ele, se não chover nesta semana em quantidade suficiente, toda a safra poderá ser comprometida. Entre as regiões mais atingidas, ele cita localidades do interior de Garibaldi, Farroupilha e Pinto Bandeira.
— A gente perde em quantidade, volume e peso, mas também em qualidade, porque não tem água suficiente para alcançar o açúcar ideal. Precisamos de chuva, nessa semana, e de 30 a 40 milímetros. Se não chover, não se colhe uva — alerta Rebelatto.
O presidente da Comissão Interestadual da Uva, Cedenir Postal, e também presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves, diz que há pouco a ser feito para reverter a situação desta safra, pois mesmo produtores rurais com uvas irrigadas estão com os reservatórios quase vazios.
— Estamos nos reunindo, tratando desse assunto, e uma das propostas é um planejamento para os próximos anos, porque os ciclos de eventos extremos de estiagem estão cada vez mais frequentes — destaca Postal.
Entre as variedades mais atingidas até o momento, Postal cita algumas uvas de colheita mais precoce, como a Bordô, e as brancas, como Chardonnay e Riesling.