A notícia trazida pela coluna na tarde da quinta-feira (18), de que o Dnit analisava a possibilidade de cancelar a construção da ponte provisória sobre o Rio Caí, provocou série de movimentações na região. Um dia depois, a confirmação de que a obra realmente não vai sair trouxe dúvidas e desalento, mas também foi o gatilho para o início de uma corrida por soluções, e os próximos dias devem trazer novidades.
Uma das primeiras consequências foi um contato entre os prefeitos de Nova Petrópolis e Caxias do Sul, que decidiram tomar algumas iniciativas conjuntas. Ainda na quinta, Jorge Darlei Wolf entrou em contato com o Dnit, via deputados federais. Já Adiló Didomenico procurou o ministro dos Transportes, Renan Filho, e mandou mensagem solicitando atenção dele sobre o assunto.
Além disso, o contato entre os dois prefeitos deve resultar também em uma ação prática. Na manhã deste sábado (20), os chefes dos dois executivos vão se encontrar na Ponte da Semapa, que cruza o Rio Caí e liga áreas do interior dos dois municípios. O objetivo da reunião é, segundo o prefeito de Caxias, alinhar ações para melhorar a trafegabilidade no local, e oferecer uma alternativa mais viável para a ligação entre as duas cidades.
— Irei me reunir com o prefeito de Nova Petrópolis neste sábado, e na próxima semana vamos vistoriar o que precisa ser feito para dar as melhores condições de trafegabilidade a veículos, caminhões de pequeno porte e ônibus. Em poucos dias, se o clima permitir, iremos habilitar com segurança e sinalização adequada uma nova rota de acesso de Caxias do Sul à Região das Hortênsias — informa Adiló.
Os representantes de entidades empresariais também lamentaram o cancelamento da ponte. O presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC), Celestino Loro, disse que até entende a dúvida do Dnit em concluir a obra, pois do ponto de vista econômico não fazia sentido concluir uma ponte provisória que vai ficar pronta praticamente junto com a definitiva. No entanto, ele alerta que é preciso levar em conta os efeitos dessa situação.
— O que me preocupa é a consequência disso. Nós continuaremos com a Serra isolada por mais seis meses, e isso é terrível, visto que em Feliz também surgiram problemas, e a gente não encontra soluções para o ecossistema do turismo. A decisão me parece razoável, mas o ponto é como solucionar essa não conexão, já que vamos completar quase um ano de isolamento — alerta Loro.
O presidente da Associação Comercial e Industrial de Nova Petrópolis (Acinp), Neander Port, preferiu não emitir nenhuma declaração. Ele afirmou apenas que a entidade estava tentando confirmar os desdobramentos da situação com o superintendente do Dnit no RS, Hiratan Pinheiro da Silva.
Um dos movimentos que se destacou na recuperação da infraestrutura da região após a enchente foi o Reconstrua #BR-116, que investiu quase R$ 500 mil em estradas do Vale do Caí. O movimento, liderado por empresários, apoiou inclusive a construção das cabeceiras da ponte provisória, agora cancelada, ajudando a pagar estruturas para receber os militares que iam colaborar na obra.
A empresária Simone Fagundes, uma das coordenadoras do grupo, revela que a notícia não pegou a comunidade de surpresa, embora todos ainda tentassem acreditar na execução da ponte provisória. Mesmo que a confirmação do cancelamento seja frustrante, ela reconhece que houve boa vontade em tentar fazer o trabalho.
— O Dnit se prontificou a executar o trabalho, e eu acompanhei isso. Foram 25 dias suados e trabalhados, mas o Caí é agressivo, subiu rápido, e não deu tempo de concluir. A gente não pode desmerecer em momento nenhum o trabalho do Dnit, e reconheço que recomeçar tudo é complexo neste momento, ainda mais sabendo que a ponte nova está andando muito bem — aponta a empresária.
Mesmo reconhecendo as motivações para o cancelamento, Simone ressalta que o tempo que falta para a conclusão da travessia definitiva sobre o Caí é muito longo para a comunidade. Por isso, ela informa que já há uma mobilização para viabilizar uma alternativa:
— Há uma mobilização da comunidade e dos prefeitos, para fazer algo provisório. Vamos nos juntar e ver o que é possível, e daqui a pouco a gente vai ter que ativar uma vaquinha e buscar ajuda de empresas. Sabemos que todos estão com dificuldades, mas ficar sem a ponte ainda por meio ano é um problema muito maior. Nós vamos fazer algumas reuniões e pensar em algo mais simples. Alguma coisa vamos ter que fazer.