As notícias sobre afogamento no RS se repetem em todos os verões. Somente neste ano, segundo os últimos dados, já são ao menos 60 no estado, todos em pontos onde não havia guarda-vidas. E a região da Serra historicamente tem uma triste participação nesta estatística, já com aumento em comparação com 2023, o que deveria ensejar uma maior ação das autoridades.
A primeira e principal providência seria oferecer opções seguras para as pessoas se banharem, evitando que se coloquem em risco em rios ou açudes. Embora alguns possam considerar isso como supérfluo em uma região que tem muitos meses com temperaturas baixas, é preciso mudar esta mentalidade. Piscinas públicas são muito comuns na Europa, onde faz muito mais frio, e mesmo assim se percebeu a necessidade de oferecer este tipo de oportunidade à população.
Aliás, oferecer mais lazer deveria estar sempre no radar das autoridades. Por mais que haja uma infinidade de coisas para serem feitas pelo poder público, este caso de balneários ou piscinas públicas, além de trazer mais uma opção de lazer, o que sempre é bom para o corpo e mente, também traria o benefício fundamental de evitar tragédias. Ao concentrar as pessoas em determinado ponto, com infraestrutura e presença de guarda-vidas, diminuiria muito o risco de afogamentos.
E, a partir do oferecimento de opções, seriam muito mais efetivas campanhas para evitar que as pessoas usassem locais inadequados. Pela própria característica geográfica da região da Serra, os nossos rios, caudalosos e instáveis, são um péssimo ponto para banho. Açudes também são arriscados. Dar uma opção reforçaria os argumentos para as pessoas não irem a esses locais.
O exemplo, inclusive, está próximo. A cidade da Farroupilha oferece uma bem estruturada piscina pública, que deveria servir de modelo para outros municípios. Obviamente que isso tem um custo para manutenção, mas também não devem ser pequenas as despesas com patrulhas e fiscalizações de represas, como ocorre em Caxias do Sul, onde somente na edição 2023 da Operação Verão Seguro foram feitas 1.264 abordagens de pessoas em locais inapropriados para o banho. Em vez de gastar energia e dinheiro na repressão, que tal fazer uma adaptação no Complexo Dal Bó, junto ao Ecoparque, e construir ali um balneário bem sinalizado e seguro? E que tal debater esta questão nas eleições de outubro?