A cada edição da Festa da Uva surge o debate sobre como manter o evento relevante e adaptado aos novos tempos. É uma discussão sempre útil e produtiva, pois com quase 100 anos de existência, o evento segue vivo e forte, e a capacidade de mudar e absorver novas ideias são os fatores que garantiram essa longevidade.
E, com base no que vi nesses últimos anos, arrisco palpitar que, mais do que nunca, a Festa da Uva precisa apostar muito mais fichas na gastronomia e usar muito o potencial infinito da região nesta área para atrair turistas. Não é propriamente uma novidade dizer isso e é fato de que a alimentação já é, há tempos, um setor muito forte e presente na festa. Mas dá para ir muito além.
Vou dar um exemplo bem atual. No último sábado, ao apresentar o programa SuperSábado pela Rádio Gaúcha, tive a oportunidade de conhecer a dona Jurema Secco, a autora do agora famoso pastel de polenta. O depoimento dela foi muito interessante em mostrar o quanto a combinação de um bom produto e uma divulgação bem feita pode gerar grandes resultados — o pastel já havia sido mostrado no Jornal do Almoço veiculado diretamente da Festa da Uva, uma semana antes.
Já experiente em venda ao público, dona Jurema calculou que, dentro de uma normalidade, ia precisar de 2 mil pastéis para o período do evento. Como podia ser congelado, ela produziu essa quantidade e já deixou reservado. No entanto, após o produto ser descoberto pela imprensa e divulgado amplamente para o grande público, o que deveria durar mais de duas semanas foi suficiente para apenas dois dias. Na tarde do primeiro domingo da festa já não havia pastel de polenta disponível (o estoque felizmente foi reposto, e recomendo que você experimente, pois é uma verdadeira delícia).
Este caso é apenas um pequeno exemplo do potencial que a área gastronômica tem para atrair gente e gerar negócios, desde que se combine um produto interessante e uma divulgação ampla. Por que não focar a divulgação da Festa da Uva nesta área? Imagine se fosse articulado um grande festival gastronômico e se apostasse nisso como atração chave. Nenhuma outra ação que já é feita teria que ser deixada de lado, pois tudo se complementa e quase tudo pode ser combinado com a uva, estrela da festa.
Que tal montar um concurso de receitas especiais ou a eleição do “melhor alguma coisa típica” da festa? A propósito, na Rádio Gaúcha também estava presente o chef Ronei Fernando da Silva, que criou a pizza de salame com geleia de uva, igualmente deliciosa. Durante o programa, no ar, ele e a dona Jurema já combinaram de bolar uma pizza de sagu para a próxima edição da festa!
Não tenho dúvida de que, pelo talento dos dois, tem tudo para ficar bom, mas melhor do que a receita em si é esse espírito de novidade e inovação na gastronomia, que precisa ser capitalizado e usado como um grande diferencial para a Festa da Uva. Revitalizaria o evento e geraria negócios, além de abrir mais uma frente de divulgação enorme.
Fica o palpite.