Nem só de Pavilhões e de Rua Sinimbu, onde ocorrem os desfiles cênicos, é feita a Festa da Uva. De decoração de ambientes e reprodução dos jogos coloniais até pisa da uva, moradores, escolas e empresas se engajam em torno de atividades que remetem ao maior evento comunitário do Estado, com o objetivo de manter vivos os costumes celebrados pela festa.
A Rede de Ensino Caminho do Saber, por exemplo, decorou a escola para receber os alunos antes mesmo do início do ano letivo. No primeiro dia de aula, em 15 de fevereiro, oito embaixatrizes da edição de 2024 marcaram presença no colégio para recepcionar crianças e adolescentes.
Localizada no bairro Sanvitto, a escola conta com um espaço decorado logo na entrada, com peças do acervo pessoal da diretora Maristela Tomasi Chiappin. Nesse local também está exposto o vestido utilizado por Viviane Piamolini Gaelzer, que foi princesa da Festa da Uva em 2019 e na época era professora da Caminho do Saber. Os itens alusivos à história do evento são vistos em todos os espaços da escola.
Toda a decoração rendeu à instituição de ensino o segundo lugar no concurso Tirando o Pó, realizado pelo Sindilojas. Com o isso, a escola recebeu 500 ingressos para a Festa da Uva. Cada funcionário recebeu um par de entradas, e o restante está sendo distribuído para os vencedores dos Jogos Coloniais promovidos pela escola.
Isso porque a mobilização não se restringe à decoração do ambiente escolar. Nas aulas de educação física, os professores estão reproduzindo os Jogos Coloniais. Os três vencedores de cada turma ganharão ingressos para participar do evento. Além disso, para os pequenos, o espaço decorativo na entrada da Caminho serve também para a contação de histórias. Essa atividade é conduzida pela responsável pela biblioteca da escola, Liliane Curzel.
— Acreditamos, dentro da proposta sociointeracionista (metodologia da escola), que quando tu se sente parte e esta inserido (no contexto), tu leva para a vida. São experiências que transformam vidas realmente. A cultura da imigração italiana, da cidade de Caxias do Sul precisa ser contada, se eu não vivi isso, como vou entender? — explicou a diretora Maristela.
Todos os mais de 1,4 mil alunos da escola tiveram algum contato com a Festa da Uva na Caminho do Saber. E os professores e funcionários também se dedicaram para colocar os estudantes dentro da história de Caxias e do evento.
— O grande desafio é adequar para as faixas etárias. Nós construímos ações muito mais lúdicas e de aspecto visual para os menores, e ações práticas e atualizadas aos maiores. É equalizar para que todos possam sentir que fazem parte — detalhou Maristela.
Pisa da uva e experiências lúdicas
A Escola Infantil Jardim Mágico, localizada no bairro Santa Catarina, também buscou colocar as crianças dentro do contexto da Festa da Uva. Conforme a diretora Fernanda Lazari Guerra, todos os 106 alunos dos quatros meses aos 5 anos de idade participaram das ações ao longo desse mês de fevereiro. A realização ocorreu pelo sucesso das ações desenvolvidas em 2022.
Na última quinta-feira (22), a programação teve degustação e pisa da uva, além do preparo de uma pizza. A corrida da carriola, modalidade dos Jogos Coloniais, também foi uma atração. As atividades contaram com a participação da embaixatriz Gabriela Isoton.
— Eu acho que nós, da educação, precisamos muito cultivar as raízes da nossa região, cultivar com as crianças esse amor que é tão lindo de ver quando chegamos nos Pavilhões e o quanto precisamos que eles vivenciem isso para que possam levar adiante por nós. Queremos que isso fique bem vivo nos corações deles — explicou Fernanda, sobre a motivação das atividades.
Músicas e danças tradicionais da cultura italiana também foram apresentados aos alunos. Além disso, os professores realizaram uma exposição de trabalhos dos alunos alusivos ao evento e que foram desenvolvidos nesse mês.
— Sempre buscamos proporcionar aos nossos pequenos as propostas que Caxias e a região estão vivendo, para que eles entendam quando a família e a mídia falam das novidades sobre isso. E, assim, eles podem entender melhor e participar (de eventos como a Festa da Uva).
Decoração para a festa rende prêmio
O concurso Tirando o Pó, do Sindilojas, levou 46 empresas a decorar os estabelecimentos para relembrar os hábitos, costumes, crenças, modo de vida, habitação e lazer dos imigrantes que colonizaram a Serra gaúcha. Assim como fez em 2022, a Sperinde Imóveis se mobilizou nesse ano para divulgar o principal evento comunitário do Estado. Os esforços de todos os 21 funcionários renderam à empresa o primeiro lugar.
Ao todo, são dezenas de itens que estão expostos nos dois andares da sede da empresa, que fica na Avenida Júlio de Castilhos, no bairro São Pelegrino. Com isso, a Sperinde conta um pouco da história da festa, como a trajetória do Lanifício Gianella, que ficava no bairro Santa Catarina, onde eram produzidos cobertores, mantas e tecidos, e a participação deles no evento.
Além disso, há vestidos das embaixatrizes Sílvia Gabriela Cioato (2016), Débora Scopel Moreira (2022) e Bruna Scopel Moreira (2010), que foram emprestados por elas. Uma fonte de uva e até mesmo aroma de uva foram colocadas no prédio.
— Foi uma grata surpresa ficar em primeiro lugar, porque concorremos com outras empresas que tinham "n" produtos e equipamentos. O concurso pedia para fazer um recanto com os objetos, e ousamos, saímos um pouco desse recanto e vestimos a empresa com a Festa da Uva — comemora o coordenador da unidade, Gabriel Gianella.
Com o primeiro lugar, receberam mil ingressos para o evento, que estão sendo distribuídos entre os funcionários, familiares e clientes. Além de ajudar na divulgação da Festa da Uva, Gianella acredita que ações como essa servem como uma forma de engajamento da equipe.
— Traz um outro clima para o relacionamento interpessoal de todos e cria uma energia diferente dentro da empresa, porque todo dia tu visita isso. O que a maioria fala, e a gente sente, é que dia 3 (de março) termina a festa, e dia 4 ou 5 vai criar um vazio, que só vai ser preenchido daqui a dois anos — concluiu o coordenador da unidade.
Novo visual na Casa de Pedra
Um dos mais simbólicos museus de Caxias do Sul, a Casa de Pedra recebeu um apoio da comunidade. Isso porque a associação de moradores (Amob) do bairro Santa Catarina não mediu esforços para dar um novo visual ao local.
A presidente da associação, Beatris Regina Perin, destaca que ação foi voluntária e contou com um grande apoio dos moradores. Segundo ela, a ação teve como objetivo plantar novas flores e revitalizar a parte externa da Casa de Pedra para receber visitantes da Festa da Uva e também quem chega a cidade no restante do ano.
— Foi tão lindo. O pessoal que vinha de fora elogiou tanto a gente e queria plantar também — relembrou Beatris.
A iniciativa teve apoio das Secretarias Municipais do Meio Ambiente, da Cultura e do Trânsito. Conforme Beatris, a ideia é que, no futuro, os moradores do bairro possam realizar feiras no local para ajudar a aumentar o número de visitantes na Casa de Pedra.