A Polícia Civil investiga a morte de Fabiano de Oliveira Fortes, 46 anos, e Felipe Turchetto, 35, durante assalto em um hotel em Mato Castelhano, município de 2,5 mil habitantes no norte do RS, na madrugada desta quinta-feira (25).
Os dois eram professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e estavam no município acompanhando os estudantes do curso de Engenharia Florestal em uma visita de campo.
Veja o que se sabe sobre o crime:
Como foi o assalto?
Os dois criminosos, que ainda não foram identificados, estavam hospedados no Hotel Romanttei, em Mato Castelhano. Segundo informações do delegado Diogo Ferreira, por volta da 1h30min a dupla desceu ao saguão e anunciou o assalto.
Um dos assaltantes estava armado. Os dois renderam a dona do hotel e clientes que estavam no local. As vítimas foram amarradas e levadas para um cômodo do hotel. Eles obrigaram a dona do estabelecimentos a fazer transferências por Pix, porém, as transações não foram efetivadas.
Em que momento os professores são assassinados?
Segundo o depoimento da proprietária do hotel, um grupo de 15 estudantes e três professores da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) chegou ao local durante o assalto.
Entre os professores estavam Fabiano de Oliveira Fortes e Felipe Turchetto, que acompanhavam os alunos em uma visita à Floresta Nacional de Passo Fundo, localizada em Mato Castelhano.
Segundo informações do delegado Diogo Ferreira, eles também foram rendidos. Um dos professores teria rompido o lacre com que estava preso e tentado entrar em luta corporal com o criminoso armado, que então efetuou os disparos.
Segundo o delegado, a segunda vítima, ao ver a situação, também tentou reagir e foi baleada. Os dois professores morreram no local.
Quando os criminosos chegaram no hotel?
Os criminosos fizeram check in no Hotel Romanttei na noite de quarta-feira (24), utilizando dados falsos. No local não havia câmeras nem registro digital de hóspedes.
O que os criminosos levaram?
Os criminosos exigiam que a dona do hotel fizesse Pix para eles, mas as transações não foram efetivadas porque passaram dados errados.
Após a tentativa frustrada, o criminoso que estava armado voltou o cômodo onde estavam os outros reféns e o outro assaltante retirava os pertences das vítimas, como joias e celulares.
Os criminosos foram identificados?
Na manhã de sexta-feira (26), o chefe de Polícia, delegado Fernando Sodré, afirmou em entrevista ao Gaúcha Atualidade que já é possível apontar pelo menos dois suspeitos do crime. Sem dar detalhes para não atrapalhar as investigações, Sodré disse que em breve deve prender os autores e revelar à sociedade. O delegado também disse não descartar a possibilidade de haver pelo menos mais uma pessoa envolvida no crime.
Segundo a polícia, os criminosos não mostravam preparo. Os assaltantes não levaram muitos pertences e ainda causaram a morte de duas pessoas. Os suspeitos chegaram em um carro furtado e com placas clonadas. Eles fugiram em outro veículo, ainda não identificado, o que levanta a hipótese de que haja mais um envolvido, que teria auxiliado na fuga.
Quem eram as vítimas?
Definidos por alunos e colegas como dedicados ao ensino e à pesquisa, Fabiano de Oliveira Fortes, 46 anos, e Felipe Turchetto, 35, eram doutores em Engenharia Florestal e costumavam viajar com os estudantes à Floresta Nacional de Passo Fundo, em Mato Castelhano, para aprimorar os estudos práticos.
Fortes era professor da universidade desde novembro de 2008. Já Turchetto havia sido transferido no começo do ano do campus da universidade em Frederico Westphalen para Santa Maria. Ambos foram estudantes de graduação e pós-graduação na UFSM.
Abalado, um colega dos docentes, o professor Jorge Antônio de Farias, se disse incapaz de definir a imensidão da tragédia que resultou na morte de "duas pessoas sensacionais".
— É uma tristeza sem tamanho, não tem adjetivos que possam resumir o que estamos sentindo. A sala do professor Fabiano eu chamava de Diretório Acadêmico, devido a frequência que os alunos procuravam ele — conta.
Como está a investigação?
Até o momento, cerca de 10 testemunhas já foram ouvidas. Equipes da Polícia Civil e Brigada Militar buscam por câmeras de segurança que possam ajudar a identificar os criminosos.