O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum em homens, atrás somente do tumor de pele não-melanoma. A estimativa é de cerca de 72 mil novos casos da doença entre os anos de 2023 e 2025, sendo 3.510 só no Rio Grande do Sul, conforme o governo do Estado.
A importância em identificar a doença de forma precoce é o que motiva as campanhas anuais do Novembro Azul, que, além do câncer, chama a atenção para a saúde masculina em geral.
A idade inicial recomendada para o início do exame ainda é motivo de debate no meio científico, como afirma o médico urologista Marcelo Justo, do quadro clínico do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP).
Para homens com fatores de risco, como afrodescendentes e com histórico de câncer de próstata em familiar de primeiro grau antes dos 65 anos, o recomendado é iniciar o acompanhamento a partir dos 45 anos. Nos demais, o recomendado é a partir dos 50 anos.
O que impede o tratamento adequado é, em boa parte das vezes, desconhecimento sobre o avanço da doença e o tabu acerca do exame do toque retal. Apesar de ainda ser muito comum, especialistas entendem que essa atitude masculina tem mudado.
— Felizmente isso tem reduzido bastante. O assunto do câncer de próstata e o exame de toque fazem parte das rodas de amigos. A importância da avaliação da próstata é o diagnóstico do câncer em estágios iniciais — afirma o especialista.
Ainda segundo Justo, não existem sintomas específicos para o câncer de próstata e que muitos homens recebem o diagnóstico através de exames de rotina.
— O interessante é que as queixas urinárias estão, frequentemente, associadas a doenças benignas da próstata. Portanto, o homem com queixas de dificuldade para urinar, jato fraco, urina ou esperma com sangue devem procurar o atendimento médico para uma avaliação especializada — orienta.
"Se eu não tivesse feito os exames preventivos, talvez eu não estivesse contando a minha história agora"
Sem sintomas, foi durante exames de rotina que o professor Rodrigo dos Santos, 51 anos, descobriu o câncer de próstata. Com histórico da doença na família, Rodrigo lembra que o médico urologista que o acompanha encontrou alterações na dosagem do antígeno prostático.
— Eu ia regularmente no urologista, mas durante a pandemia acabei não indo. Quando o médico avaliou, a próstata estava no seu tamanho normal, mas a produção do hormônio, que é o antígeno prostático, estava acima da média. Na época, com 48 anos, o valor do meu antígeno prostático estava similar ao de uma pessoa com 75 anos em média — explica.
Um novo exame também encontrou alterações. No início de 2020, após a realização de uma biópsia o resultado se confirmou. Rodrigo estava com cerca de 10% da próstata comprometida por causa da doença.
— Tive um impacto muito grande quando descobri. Nunca tive nenhum sintoma. Lembro que o médico me disse que se eu não tivesse percorrido por todos os exames, quando eu tivesse sintomas eu já poderia estar com metástase e que não teria mais o que fazer além de tratamento paliativo — conta.
Em março de 2022, Rodrigo passou pela cirurgia para a retirada do tumor. Ao voltar ao urologista, as notícias não foram boas: os valores do antígeno prostático, que deveriam estar baixos após o procedimento, haviam começado a aumentar novamente.
A explicação do médico foi que não havia sido possível fazer a retirada total da próstata e alguns fragmentos ainda poderiam conter células cancerígenas.
Foi aí que o cenário mudou. A partir da constatação do urologista, Rodrigo passou a ser atendido por um oncologista. Após 28 sessões de radioterapia, além do tratamento de hormonioterapia, o professor encerrou o tratamento no final de 2023. Hoje, segue monitorando a doença através de exames regulares.
— A partir da idade correta, os homens precisam sim monitorar a saúde com um urologista. É necessário. É a vida. Se eu não tivesse feito exames preventivos, talvez eu não estivesse contando a minha história agora ou não tivesse condições de dar este depoimento — disse.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico de câncer de próstata pode ser descoberto através de biópsia, porém, um resultado negativo não é garantia da ausência do tumor, como afirma o especialista.
— Se a suspeita continuar grande poderá ser necessário repetir a biópsia. Os exames de PSA, de toque retal, ressonância nuclear magnética da próstata, entre outros, são utilizados para avaliar a necessidade da biópsia ser feita ou não — explica.
Após a confirmação do diagnóstico, é preciso analisar alguns quesitos para a escolha do tratamento, como localização do câncer dentro da próstata, grau de agressividade, valor do PSA, condições gerais de saúde do paciente, análise dos resultados esperados e potenciais complicações.
Em casos de câncer com evidência de metástase é possível o tratamento com medicamentos e quimioterápicos.
Dia D neste sábado (9)
Para incentivar o cuidado com a saúde do homem, as unidades básicas de saúde de Passo Fundo vão fazer um Dia D para atender exclusivamente a população masculina neste sábado (9).
Todas as UBSs do município ficarão abertas das 8h às 12h e das 13h às 17h para consultas, exames de rotina, testes de PSA para diagnóstico precoce e orientações com profissionais de saúde.
No mesmo dia o HSVP realiza um bate-papo com médicos urologistas e especialistas em robótica Daniel Gobbi e Diego Winckler, que vão falar sobre prevenção, exames de rotina, sintomas, diagnóstico e tratamento, na Unidade de Relacionamento do HSVP no Passo Fundo Shopping, a partir das 14h.