Novembro é azul no calendário de conscientização sobre temas relacionados à saúde. O mês alerta para o perigo do câncer de próstata e, mais amplamente, também chama a atenção para a saúde masculina em geral.
Mais resistentes a consultas e exames, os homens não desenvolvem uma cultura de cuidado como as mulheres, que desde a juventude se habituam a encontros anuais com o ginecologista. Com o acompanhamento frequente, elas conseguem diagnosticar e tratar cedo os problemas que surgem. Sem supervisão, eles, por outro lado, acabam procurando ajuda apenas quando as enfermidades já estão instaladas e, não raro, em estágios mais avançados.
A Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) vem tentando mobilizar o público masculino com o convite para que procurem um urologista ainda na adolescência para cuidar dos aspectos genitais e reprodutores.
— Não à toa, a mulher, que faz um controle frequente, vive sete anos a mais do que o homem no Brasil. Ela vai ao ginecologista, que pede uma série de exames e, se houver alguma coisa específica, encaminha. O homem deve marcar com o clínico geral, com o cardiologista se tiver histórico cardiológico, com o geriatra, com o urologista — exemplifica o urologista Luiz Otavio Torres, presidente da SBU. — O urologista é o médico do homem, podemos avaliá-lo em qualquer idade. O homem tem que aprender a cuidar dele de maneira geral — ressalta o médico.
Em relação à próstata, os diagnósticos mais comuns são a hiperplasia prostática benigna e o câncer de próstata. No primeiro caso, que significa o aumento da glândula localizada abaixo da bexiga, há sintomas que podem indicar o problema, como dificuldade para urinar, sensação de esvaziamento incompleto e jato fraco e inconstante. Quanto ao câncer, não há medidas preventivas específicas, alerta Torres. O que se pode fazer é o rastreamento, a partir dos 50 anos (e desde os 45 anos para grupos de risco), com o intuito de obter um diagnóstico precoce. A maior incidência da doença é a partir da sexta década de vida.
— Não consigo evitar que alguém tenha câncer de próstata. Há fatores em geral, como a obesidade e a vida sedentária, que podem estar associados a tumores de vários tipos. Se o homem tiver que ter, vai ter. O que tenho como evitar é a complicação — pontua Torres.
Os sinais do câncer de próstata só surgem quando o tumor já se disseminou para outras partes do organismo, esclarece o médico.
— Em fase mais agressiva, muitas vezes não tem cura. Hoje em dia, só morre de câncer de próstata quem não faz controle. Fazendo o controle e pegando em fase inicial, há grande chance de cura e não de morte desse paciente — observa Torres.
O exame de toque retal, tão temido por parte dos pacientes, é simples e rápido, durando apenas poucos segundos. O urologista Rodolfo Borges dos Reis, vice-presidente da SBU e professor da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeiro Preto (SP), fala que é imperativo se convencer da importância do procedimento:
— É indolor. Pode salvar a sua vida.
Reis destaca outra questão da saúde masculina que merece acompanhamento, especialmente na terceira idade: a disfunção erétil.
— Acima dos 60 anos, cerca de 65% dos homens têm algum grau de disfunção, que é um marcador de doença vascular. Na ereção, o pênis se enche de sangue. Se ele não se enche, você já pode ter alguma doença vascular — alerta Reis. — A disfunção afeta o comportamento social, desestabiliza uma relação, tem um abalo gigantesco — enumera o médico.
A próstata
Glândula do aparelho reprodutor masculino localizada abaixo da bexiga. Produz secreções que nutrem os espermatozoides e tornam o esperma líquido no momento certo, considerando-se o aspecto reprodutivo.
Diagnóstico do câncer de próstata
Exame de PSA: mede no sangue o antígeno prostático específico, proteína produzida pela próstata que está na corrente sanguínea e no sêmen.
Toque retal: o médico introduz o dedo no ânus do paciente para palpar a próstata, avaliando tamanho, forma e textura da glândula.
Rastreamento
- Deve começar a partir dos 50 anos para a população geral e aos 45 anos para pacientes afrodescendentes ou com histórico familiar da doença
- A periodicidade é anual
Fatores de risco
- Histórico familiar da doença
- Idade superior a 50 anos (é mais comum na sexta década de vida)
- Obesidade
Prevenção
Não há medidas específicas para prevenir o câncer de próstata. Uma rotina saudável, com alimentação equilibrada e atividade física regular, sem cigarro e álcool, é benéfica sob diversos aspectos.
Sintomas do trato urinário que exigem avaliação médica
- Dificuldade para urinar
- Sensação de retenção de líquido na bexiga
- Jato mais fraco
- Dor ou ardência ao urinar
- Presença de sangue na urina ou no sêmen
- Necessidade de ir ao banheiro várias vezes ao dia ou durante a noite
Fontes: Instituto Nacional do Câncer (Inca), Ministério da Saúde