Só em 2023, 7.435 indígenas receberam atendimento médico no Ambulatório Padre Elli Benincá, em Passo Fundo. O espaço inaugurado em 2021 é responsável pelo atendimento de mais de 20 mil indígenas de diferentes regiões do RS — o que representa 75% dessa população no estado.
Todos os meses, são 620 pacientes atendidos vindos de 121 municípios gaúchos — uma média de pouco mais de 20 por dia. O local é uma parceria entre o Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) e a Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS) e recebe pacientes encaminhados através do Sistema de Gerenciamento de Consulta (Gercon), por três Coordenadorias Regionais da Saúde — de Passo Fundo, Erechim e Palmeira das Missões.
— Embora o atendimento seja voltado para casos de média e alta complexidade, muitos municípios têm defasagem de médicos na Atenção Primária, então pacientes com casos de menor complexidade também são encaminhados para o Ambulatório. Após a consulta médica, se houver necessidade, eles são encaminhados para especialistas — explica a médica Daniela Borges, que trabalha no local.
Conforme Daniela, as consultas ambulatoriais ajudaram a reduzir o número de internações da população indígena do RS. No ano passado, foram 232 internações hospitalares, uma média de 19 por mês.
— Esse é o resultado de um trabalho multiprofissional e minucioso que traz bons resultados — afirma a médica.
Visitas a aldeias e atendimento especializado
Uma das pacientes atendidas pelo ambulatório é Brizeis da Rosa, 14 anos. Ela buscou o ambulatório junto com a mãe, Elda Carvalho, para uma consulta de rotina. As duas são moradores da Terra Indígena da Serrinha, em Ronda Alta.
— O ambulatório é muito importante para nós, pois temos acesso a consultas médicas completas e somos encaminhados para especialistas e exames — disse Elda.
Para garantir um acolhimento completo, a equipe do ambulatório é formada por profissionais especialistas e colaboradores que são membros de comunidades indígenas.
— Alguns pacientes indígenas não se comunicam na língua portuguesa e precisam de um tradutor. Se eles não trouxerem, nós disponibilizamos. Nossa equipe está empenhada em prestar um serviço de escuta e acolhimento. Entendemos que para alcançar esse objetivo precisamos levar em conta as peculiaridades culturais — explicou a médica Daniela.
Além do atendimento presencial junto ao campus da UFFS em Passo Fundo, o trabalho do ambulatório também acontece de forma itinerante, em parceria com a equipe da Secretaria de Saúde Indígena (Sesai) e a Faculdade de Medicina da UFFS. A equipe se desloca semanalmente até as aldeias para atendimento. Caso haja a necessidade, os pacientes são encaminhados para o serviço.
Serviço
- O que: Ambulatório de Saúde Indígena Padre Elli Benincá
- Onde: Rua Teixeira Soares, nº 625 — junto ao campus da UFFS Passo Fundo
- Atendimento: segundas-feiras (manhã e tarde) e nas terças, quintas e sextas-feiras (tarde)
- Contato: (54) 2103-4170