O Instituto Nacional do Câncer (Inca) prevê 7.930 casos novos de câncer infantojuvenil por ano no Brasil até 2025. A incidência é de 134,8 novos diagnósticos a cada 1 milhão de crianças e adolescentes brasileiras — dado que serve de alerta à comunidade médica.
A projeção aponta que os diagnósticos devem ser mais comuns entre os garotos, com 4.230 casos novos entre crianças e adolescentes do sexo masculino e 3,7 mil do sexo feminino. Ainda conforme o Inca, o câncer infantojuvenil deve ser mais frequente no sul do país, com 153,29 casos novos a cada 1 milhão de meninos, e 151,19 a cada 1 milhão de meninas.
Como todo tumor maligno, o câncer infantojuvenil é caracterizado pelo crescimento desordenado de células que podem invadir tecidos ou outros órgãos. Com essa divisão muito rápida, essas partículas tornam-se mais agressivas, formando assim tumores que se espalham pelo corpo.
A diferença, contudo, é que o câncer infantojuvenil afeta, como o nome diz, crianças e adolescentes. Entre os pequenos, o carcinoma mais comum acontece dos dois aos cinco anos de idade e a principal patologia são as leucemias agudas.
Além disso, a maioria dos tumores na infância e adolescência são de origem esporádica e não têm herança familiar — ou seja, não têm uma causa definida para explicar a doença, como explica o médico oncologista pediátrico Marcelo Cunha Lorenzoni, integrante do corpo clínico de um dos únicos locais especializados neste tipo de atendimento do interior do Estado: o Centro Oncológico Infantojuvenil do Hospital São Vicente de Paulo (HSVP), em Passo Fundo.
O local, que possui 24 leitos para internação de crianças e adolescentes, realiza semanalmente uma média de 100 atendimentos para pacientes com até 19 anos. Neste último caso, são jovens que permanecem com o atendimento mesmo depois de receberem suporte quando crianças.
Diagnóstico precoce é essencial
O médico oncologista chama a atenção para a necessidade da família observar os sinais apresentados pelos menores para ajudar a combater a doença o mais cedo possível. O primeiro indício, segundo Lorenzoni, é quando a criança muda o comportamento de tal forma que age como se já não vivesse a vida normalmente.
— Ela prefere ficar mais deitada e apresenta mais fraqueza, cansaço ou choro. Existem casos de dores ou mesmo sangramentos. Outros sinais de alerta são quando os pais começam a notar ondulações ou carocinhos pelo corpo, principalmente na hora do banho ou de trocar uma roupa — ressalta.
As chances de melhora, não apenas no quadro, mas especialmente na qualidade de vida dos pacientes, aumentam significativamente quando o diagnóstico é feito ainda nos estágios iniciais. Hoje, 70% das crianças e adolescentes acometidas pela doença têm chance de alcançar a cura da doença.
— Infelizmente, não temos um modo de impedir que essas crianças tenham a doença. O importante é buscar atendimento quando for constatado os sintomas. Quanto mais cedo se tem esse diagnóstico acompanhado de uma biópsia, muito mais fácil se tratar porque assim podemos avaliar o grau de disseminação do quadro — reforça.