O câncer infantojuvenil é caracterizado como um grupo de doenças que afetam diferentes partes do corpo de crianças, adolescentes e jovens adultos, entre um e 19 anos. Segundo dados do Atlas de Mortalidade por Câncer (SIM), o grupo representa a primeira causa de morte na faixa etária no Brasil. Em 2021, último balanço divulgado pelo SIM, foram 2.425 mortes, sendo 1.375 masculinas e 1.067 femininas.
Apenas 10% dos casos têm a origem conhecida, sendo oriundos de fatores genéticos e hereditários. Na maior parte, células do sistema sanguíneo e dos tecidos de sustentação do corpo são atingidas.
— Os poucos casos que se sabe a causa estão relacionadas a doenças genéticas que a criança já tenha. Por exemplo, com síndrome de Down a criança tem chance 20 vezes maior de desenvolver leucemia do que uma criança que não tenha — explica o oncologista pediátrico do Oncoclínicas RS Lauro José Gregianin.
Os casos mais conhecidos e malignos são de leucemia, doença que afeta os glóbulos brancos no sangue. Confira as demais neoplasias caracterizadas como câncer infantojuvenil:
- Hepatoblastoma: tumor maligno que surge no fígado. É mais frequente em meninos e considerado raro após os cinco anos
- Neuroblastoma: tumores abdominais que crescem a partir do rim. Indolor, costuma atingir crianças abaixo de cinco anos
- Osteosarcoma: afeta a estrutura óssea e causa dores corporais. Grande parte dos casos são diagnosticados em adolescentes e atingem os membros inferiores
- Rabdomiossarcoma: oriundo de células dos músculos que compõe a estrutura esquelética, afetando cabeça e pescoço, sistema urinário e extremidades
- Retinoblastoma: atinge a retina e afeta a visão. A maior parte dos casos é diagnosticada antes dos cinco anos de idade
- Sarcoma de Ewing: um dos mais agressivos, este tumor surge em tecidos dos músculos e cartilagens
Ainda há tumores que afetam o sistema nervoso central e células germinativas. O Instituto Nacional do Câncer (Inca), estima que 8.460 novos casos - incluindo todos os tipos - serão registrados nos próximos anos, dos quais 4.310 serão em meninos e 4.150 em meninas.
Orientações aos pais
Para o oncologista, o diagnóstico precoce é importantíssimo para aumentar as possibilidades de cura e diminuir as chances do tratamento deixar sequelas. Ele orienta que os pais devem prestar a atenção em qualquer mudança de comportamento dos filhos ou no surgimento de alguns sinais.
— Em qualquer percepção de modulação, é preciso procurar o médico. Faz um hemograma, um exame clínico para examinar o abdômen, o tórax. O diagnóstico precoce não necessita de nenhuma tecnologia, apenas do conhecimento clínico. É a doença que mais mata a partir dos dois anos — alerta.
Os sintomas variam de acordo com cada caso e muitas vezes são confundidos com dores rotineiras. No entanto, é preciso ter atenção a sinais de cansaço ao mínimo esforço, palidez e sangramento na gengiva, sintomas que podem indicar leucemia, por exemplo. Outras neoplasias podem causar diferentes sintomas, como:
- Aumento de pressão na cabeça e cefaleia
- Vômitos, em especial no turno da manhã após acordar
- Estrabismo e problemas oculares
- Perda de equilíbrio
- Crescimento da barriga, nodulação de quatro a cinco centímetros no abdômen
- Região torácica e abdominal rígida
- Dores corporais
- Manchas ao redor dos olhos
— Em alguns casos cresce uma bolota, entre quatro e seis centímetros, na região abdominal. É importante ter atenção porque não causa dor, apenas deixa a barriga dura — comenta.
Tratamentos
O tratamento desenvolve-se de acordo com o estágio da doença no momento do diagnóstico. Cada tipo de câncer requer uma abordagem terapêutica específica.
Conforme Lauro Gregianin, cada neoplasia tem uma sensibilidade diferente às drogas quimioterápicas. A intensidade do tratamento, a partir do momento do diagnóstico, também indicará as sequelas.
— O tratamento é baseado em três modalidades: quimioterapia, cirurgia e radioterapia. Recentemente, está se incluindo a imunoterapia em alguns casos. O tratamento depende de uma composição de fatores, como tipo de doença, característica biológica e localização — explica.
De modo geral, Lauro destaca que as crianças diagnosticadas com alguma das doenças conseguem ter “uma vida normal”, frequentando escola e realizando suas atividades diárias. Casos específicos, como leucemia podem ser mais restritivos.
— A leucemia deixa o paciente mais suprimido, pois (o paciente) pode contrair outras doenças se sair de casa. A quimioterapia tem um risco de sequela tardia, independente da neoplasia, para o coração e o rim — completa o especialista.
*Produção: Lucas de Oliveira