Por Nadja Hartmann, jornalista
A janela partidária fecha nesta sexta-feira (5) e as últimas horas prometem ser ainda de muita movimentação no cenário político. Os partidos devem utilizar até os últimos minutos da janela para atrair potenciais nomes para suas nominatas. Com o funil mais estreito em função da mudança na legislação, que reduziu o número de 32 para 22 candidatos, as escolhas tem que ser ainda mais criteriosas.
Foi-se a época de lançar nomes apenas para engrossar a lista, o que vale também para candidaturas de mulheres, que devem preencher 30% da cota. Em alguns partidos, a disputa, inclusive, deve ir para a convenção. Entre os vereadores de Passo Fundo, que por já possuírem mandato, acabam sendo os mais visados pelos partidos, o assédio foi grande, com promessas de “mundos e fundos”...
Cartada
Até o envio desta coluna para edição (às 12h de quinta-feira, dia 4), sete dos 21 vereadores de Passo Fundo já haviam confirmado mudança de sigla (confira abaixo). A surpresa de última hora foi o vereador Altamir dos Santos, que deixa o Cidadania para ingressar no PDT.
A ficha será abonada pelo ex-prefeito Airton Dipp e a “aquisição”, sem dúvida, representa um cartada da vereadora Regina Costa, presidente do partido, que conseguiu compensar a perda de dois vereadores: Sargento Trindade (foi para o PSD) e Gleison Consalter (foi para o PL). Assim, o PDT garante uma bancada de três vereadores.
Quem perdeu e quem ganhou
Quanto às novas casas, o vereador Evandro Meirelles (PTB) deixou para fazer o anúncio oficial do casamento somente após o fechamento da janela, no sábado (6). Conforme já adiantado por esta coluna, todas as apostas são no Cidadania, mas, segundo ele, “será uma baita surpresa”. As outras duas dúvidas pairam em torno da decisão dos vereadores Renato Tiecher (Podemos) e Saul Spinelli (PSB).
Cogita-se que Tchêquinho vá para o PL e Saul para o Podemos, mas também não se descarta que fiquem onde estão. Se tudo ficar como está, no atual quadro os partidos que saíram mais fortalecidos da janela foram o PSD e o PP, que de um passaram a ter três vereadores. Já quem mais perdeu foi o Solidariedade, que deixou de ter representante na Câmara. Quanto a correlação de forças, sai ganhando o governo, que conseguiu ampliar a sua base de apoio.
A propósito: falando em governo, o MDB conquistou um nome de peso. O ex-comandante Comando Regional de Polícia Ostensiva do Planalto e atual diretor do Departamento de Planejamento e Integração da SSP-RS, Coronel Volnei Ceolin, chega no partido já sendo um dos cotados para compor a majoritária ao lado de Pedro Almeida, mantendo a dobradinha PSD-MDB. Segundo o presidente Luciano Fortes, o partido vem fazendo um trabalho para manter o vice na chapa da Situação, mas quanto ao nome, depende do perfil definido pela coligação.
Ausência
Enquanto a janela faz os partidos transitarem nos gabinetes e vereadores se movimentarem entre as siglas, o funcionalismo municipal paralisou parcialmente as atividades na última quarta-feira (3) esperando por uma janela de negociação com o Executivo.
Segundo a presidente do Simpasso, Bernadete de Matos, ainda há uma pauta de reinvindicação com 36 itens para ser negociada, alguns com impacto na folha de pagamento e que por isso, dependem de prazo para ser aprovados em função da legislação eleitoral. De acordo com ela, são pautas represadas de muitos anos, como as que envolvem os técnicos de enfermagem e motoristas.
Bernadete lembra que o ato foi na expectativa de sensibilizar o Executivo, mas que chama atenção dos servidores o fato do prefeito Pedro Almeida sempre se ausentar do Paço Municipal quando há alguma manifestação do funcionalismo.
— Nossa pauta está na mão do Executivo desde 12 de janeiro. Será que até agora, o prefeito ainda não conseguiu avaliar esse ofício? — questionou ela, lembrando que a cidade só tem avançado porque possui um corpo de servidores qualificado.
Sobrou para os CCs
Se o prefeito tem a opção de se ausentar do Paço em dias de manifestação, o mesmo não ocorre com os vereadores, já que estrategicamente os atos são marcados para o mesmo dia e hora das sessões. Porém, ao contrário do que acontece tradicionalmente, quando diante de um auditório lotado de servidores, a maioria dos vereadores “joga para a torcida”, na sessão desta quarta-feira (3) a situação ficou mais tensa, com um embate entre integrantes do Simpasso e o vereador Tchêquinho (Podemos).
O bate-boca chegou ao ponto de obrigar até a diplomática vereadora Janaína Portella (MDB) perder a calma e intervir, como primeira secretária da Mesa Diretora. No meio da discussão sobrou até para os CCs da Câmara, com os vereadores Nharam Carvalho (União Brasil) e Regina Costa (PDT) duelando para ver quem tem coragem de abrir mão de seus três cargos de confiança no gabinete.
Crise
Durante o evento “Tá na Mesa”, da Federasul em Porto Alegre, dirigentes de quatro hospitais do RS, entre eles Luciney Bohrer, do Hospital de Clínicas de Passo Fundo, e Jocélio Cunha, do Hospital de Clínicas de Carazinho, apresentaram um quadro preocupante sobre a crise enfrentada pelas instituições.
Com a participação também dos diretores da Santa Casa de Porto Alegre e do Hospital São Lucas, da PUC-RS, o painel chamou a atenção dos empresários para o risco de colapso do sistema de saúde no RS e a necessidade urgente de implantação de políticas públicas a longo prazo, em especial quanto à tabela de repasses do SUS, que não é atualizada desde 2005.
De acordo com o presidente do HCC, Jocélio Cunha, para cada R$ 100 gastos com pacientes do SUS, faltam R$ 25 nos repasses, que acabam sendo cobertos pelos hospitais. Em meio à lotação nas emergências de todos os hospitais do RS, fica claro o que pode significar a redução nas condições de atendimento frente à crise. O sinal de alerta já foi ligado há muito tempo. Até quando?
Surpresa
Após a polêmica envolvendo a questão do subsídio às empresas de transporte coletivo em Passo Fundo, a notícia da venda da Coleurb foi recebida com surpresa pela comunidade de Passo Fundo. O incentivo financeiro às empresas foi aprovado pela Câmara em maio do ano passado e garantiu o repasse de R$9 milhões em 12 meses, sendo 78% deste valor à Coleurb e 22% à Codepas. A boa notícia é que o novo proprietário, o empresário Sérgio Tadeu Pereira, prometeu renovar 10% da frota até junho. Quem sabe o próximo avanço possa ser a bilhetagem eletrônica...
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