Detentos do sistema prisional do Rio Grande do Sul começaram a produzir camas e berços à população alojada em abrigos públicos após ser atingida pelas enchentes que causaram mortes e estragos no estado. De acordo com a Superintendência de Serviços Penitenciários (Susepe), a iniciativa parte de presídios das cidades de Iraí, no norte gaúcho, e Canela, na Serra.
As casas prisionais têm oficina e equipamentos de marcenaria, bem como material que foi doado para a fabricação. Estão envolvidos detentos com experiência no ofício. Em um primeiro momento, está prevista a montagem de 135 camas.
Em Iraí, a meta é fazer 100 camas que serão destinadas a abrigos de Roca Sales, na Região dos Vales, uma das mais atingidas pelas enchentes. Já em Canela, a meta é de 120, que vão para as cidades de São Sebastião do Caí, Três Coroas e para própria Canela. As entregas devem ser feitas por voluntários.
As camas são de solteiro e de madeira, material que também é usado nos berços. Na confecção, são usados parafusos, pregos, lixadeiras, plainadeiras e outros equipamentos de marcenaria. Os detentos envolvidos no trabalho podem ter a pena que estão cumprindo reduzida, conforme prevê a legislação brasileira.
Outras iniciativas
A montagem das camas e dos berços se une a outras iniciativas do sistema prisional do RS de suporte aos atingidos pelos temporais. Rodos de limpeza estão em produção em Iraí. Cerca de 140 serão distribuídos entre Muçum e Roca Sales.
Em Frederico Westphalen, 500 rodos já ficaram prontos e cerca de 350 foram enviados para cidades da Região dos Vales. Outras unidades prisionais estão fornecendo materiais de higiene. Há produção de sabão pela Penitenciária Estadual de Bento Gonçalves; de fraldas descartáveis pelo Presídio Estadual de Jaguarão; e absorventes pelo Presídio Regional de Caxias do Sul.
Nesta terça-feira (21), a Defesa Civil confirmou 161 mortos em razão dos temporais e cheias que atingem o Rio Grande do Sul desde 29 de abril. Há, ainda, 85 pessoas desaparecidas. Além disso, são 806 pessoas feridas e 654,1 mil pessoas fora de casa, somando quem está em abrigos (mais de 72 mil) e quem está desalojado, ou seja, na casa de parentes ou amigos.