Depois dos prejuízos causados pelo excesso de chuva, a prefeitura e Defesa Civil de Espumoso, no norte gaúcho, estudam a possibilidade de realocar as pessoas que vivem em áreas de risco na cidade. No começo de maio, pelo menos 400 famílias foram afetadas em uma enchente no município de 15,1 mil habitantes.
Segundo o prefeito Douglas Fontana, um terreno de 5,7 hectares já foi cedido pelo município e o poder público iniciou um processo de licitação para instalar água, luz, esgoto e pavimentação no local. Resta, agora, saber se as famílias vão querer sair de seus terrenos.
— Vai depender também da vontade das famílias. Nós daremos a infraestrutura, mas cada pessoa terá de buscar a construção da sua casa. Vamos tentar buscar recursos junto ao governo federal e Caixa Econômica para viabilizar essas moradias — afirma.
Pelo menos 35 famílias vivem em áreas de alto risco na cidade, em locais próximos ao Rio Jacuí. Por isso, laudos e projetos estão em andamento para a remoção dessas pessoas e construção de casas em outros locais, disse Cesar Vinchiguerra, coordenador da Defesa Civil da cidade.
Nesta quarta-feira (15), duas famílias precisaram voltar ao abrigo público depois que tiveram as casas interditadas por causa de danos estruturais extensos. Ao longo da última semana, cerca de 200 famílias que estavam desabrigadas conseguiram voltar para suas residências ou foram levadas para locais que integram o programa de aluguel social do município.
Espumoso não é o primeiro a prever a possível realocação de famílias em áreas de risco em meio ao aumento da preocupação sobre inundações. A pequena Barra do Rio Azul, também do norte gaúcho, estuda a possibilidade de levar o comércio e as casas para uma distância segura dos rios Paloma e Azul, que transbordaram e causaram a inundação da cidade de 1,9 mil habitantes duas vezes nos últimos seis meses.
Danos e respostas
Além da área urbana, o interior do município enfrenta dificuldades tão ou até mais graves. Conforme o prefeito, boa parte dos 2 mil quilômetros de estrada de chão foram danificados pela força da água, além da perda definitiva da estrutura de pontes.
— Ontem enviamos um pedido de quase R$ 2 milhões para reconstrução só do nosso interior, que ficou destruído. No momento, estamos em processo de conserto das estradas, bueiros e pontes — diz.
Em 1° de maio, uma ponte que liga as comunidades de Depósito e São Domingos foi interditada em razão da cheia do Rio Butiá, que atingiu a cota de inundação. A enchente também chegou à RS-817, interrompendo o acesso às cidades de Campos Borges, Alto Alegre e Salto do Jacuí.
Espumoso é uma das 320 cidades gaúchas que estão em situação de emergência no Rio Grande do Sul. Isso significa que, para retomar à normalidade, o município depende de recursos complementares do Estado e/ou União. Na terça-feira (14), a cidade recebeu R$ 573 mil da Defesa Civil Nacional. Segundo o prefeito, o município ainda devem chegar mais de R$ 200 mil do governo do RS.
Enquanto isso, a prefeitura de Espumoso criou um projeto que prevê a destinação de R$ 3 mil para cada núcleo familiar atingido pelas enchentes. No total, será destinado R$ 1,2 milhão para o auxílio. A previsão, segundo o prefeito, é que as famílias já recebam o recurso na próxima semana.