A quantidade de carros totalmente elétricos em Passo Fundo, no norte do Estado, teve um aumento expressivo entre março de 2023 e o igual período de 2024. No ano passado eram 22 veículos do tipo na cidade, e agora, 88.
Contabilizando os híbridos, a frota saltou de 216 para 399, conforme dados do Detran. No Estado, o salto foi de 8.393 para 14.948 — considerando os carros exclusivamente elétricos e os híbridos.
Carros com motores elétricos já não são novidades para o consumidor. Há anos os veículos híbridos, alimentados por dois tipos de motores — combustão e eletricidade —, já estão disponíveis no mercado e, lentamente, vêm ganhando espaço. Os 100% elétricos são mais recentes e, da mesma forma, estão caindo no gosto dos motoristas.
Em uma concessionária de Passo Fundo que abriu há poucos meses, os clientes já entram para conhecer os modelos elétricos e híbridos. O comerciante Heitor Nabarros e a esposa foram ver o que o segmento tem a oferecer em termos de economia.
— A gente está fazendo uma pesquisa de mercado, buscando uma economia de consumo. Dá uma diferença bem grande do carro que a gente usa hoje — disse Nabarros.
O aumento do interesse em veículos elétricos em Passo Fundo também se confirma nos negócios. O vendedor de carros Luciano Batista Teixeira Lima afirma que vendeu cinco unidades nas últimas duas semanas. Todas de modelos 100% elétricos.
O empresário Maurício Oliveira, que tem uma loja de carros, diz perceber um interesse cada vez maior da clientela em relação aos elétricos. Por isso, há três meses investiu em um veículo desse modelo.
— A intenção foi justamente adquirir o carro para entender como era o processo. Para o uso urbano o carro é maravilhoso, ele atende muito bem — pontua.
Oliveira e a esposa usam o carro no dia a dia e carregam o veículo na própria loja que, por ter placas solares, reduz ainda mais o custo das recargas. Além da estação de carregamento no estabelecimento, há outras espalhadas pela cidade.
No Shopping Passo Fundo são atualmente três estações, mas a quantidade já não atende a demanda crescente. Por isso, o plano é chegar até o fim do ano com sete, segundo o superintendente José Leal.
— O movimento de carros elétricos está aumentando, e como nosso objetivo é sempre trazer opções de dar mais conforto para o cliente, é importante a gente avançar nesse sentido. Ter mais opções, poder deixar o nosso cliente vir tranquilamente no shopping e saber que ele vai encontrar uma opção para recarregar a bateria do seu carro e ficar bem tranquilo — explica.
Se dentro da cidade a realidade é de expansão na oferta de estações de carregamento, quem viaja encontra escassez de possibilidades. Oliveira, por exemplo, testou o carro e a infraestrutura na região ao viajar de Porto Alegre a Passo Fundo.
— Foi arriscado. A entrega do carro, que a montadora propõe, é de 300 quilômetros, e a distância (entre as cidades) é 284. Então eu acabei chegando aqui com apenas 7% de autonomia e, na metade da viagem, desliguei o ar-condicionado e diminuí o consumo de energia do carro para poder chegar — relembra.
Conforme a empresa Tupinambá, especialista no segmento de estações de recarga para veículos elétricos, atualmente são 696 estruturas no RS — média de uma estação para cada cinco carros elétricos. A frota no Rio Grande do Sul, de acordo com o Detran, é de 3.505 veículos desse modelo.
No Estado já existem projetos que buscam expandir a quantidade de estações de recarga. No fim de 2023, por exemplo, a CEEE Equatorial inaugurou 10 eletropostos que ligam o Sul e o Litoral Norte. A recarga é gratuita.
Aumento da demanda por serviços
A família do Nicolas Longhi tem mecânica há três gerações. Tocando o negócio junto com o pai, o empresário percebeu que carros elétricos e híbridos gerariam ofertas de serviço para a companhia e, por isso, investiu em qualificação dos funcionários.
— A gente optou por fazer uma reestruturação interna, desde a parte de equipamentos, a parte estrutural e principalmente capacitação técnica, o que nos levou a mandar nosso pessoal para fora da cidade, para buscar treinamento e estar preparado para atender essa demanda — explica o empresário.
Longhi diz que um dos maiores receios criados pelo mercado de elétricos é o alto custo da troca de uma bateria inteira. Contudo, segundo ele, com o avanço da tecnologia e da especialização, atualmente a equipe da mecânica consegue fazer reparos nessa peça fundamental dos carros.
— Hoje, as equipes e os mecânicos estão preparados para fazer o reparo dessas baterias e não trocar a bateria inteira, e sim fazer o reparo das células, a troca das células, até mesmo para ter uma economia maior na questão monetária — frisa.