Passo Fundo superou a marca de 500 casos de dengue nesta segunda-feira (15). Conforme última atualização da Secretaria Estadual da Saúde (SES), a cidade tem 505 diagnósticos positivos da doença, número alcançado em tempo recorde, na 15ª semana epidemiológica do ano.
A quantidade de casos é inédita na cidade quando comparado com a série histórica. No ano passado, por exemplo, o município ultrapassou as 500 confirmações de dengue a partir da 17ª semana epidemiológica, no fim de abril.
De acordo com a chefe do Núcleo de Vigilância Ambiental, Ivânia Silvestrin, a antecipação do marco de 500 casos positivos preocupa porque reflete a dificuldade e falta de cuidado da comunidade em eliminar criadouros do Aedes aegypti, mesmo com o clima favorável à proliferação do mosquito.
— As temperaturas nem tão quentes e não muito frias, como estamos vendo agora, são propensas para a circulação do mosquito. Além disso, quando aparece um caso positivo, a tendência é que já surjam outros na mesma área. Por isso é essencial eliminar criadouros e aplicar inseticidas na região, evitando a proliferação dos mosquitos infectados — explica.
Atualmente, os bairros com maior número de resultados positivos da doença são o Centro, Vila Annes e São José. Conforme Ivânia, a área central é a de mais difícil controle, uma vez que há grande circulação de pessoas e muitos prédios, o que dificulta ou até impossibilita, a aplicação de inseticidas.
— Por essa razão, contamos com a colaboração da população, mas as pessoas estão deixando a desejar no trabalho de controle do vetor. Ainda encontramos muitos focos de água parada, até mesmo nos endereços em que revisitamos após a confirmação de um caso — diz.
Perfil dos pacientes
Em Passo Fundo, a maioria dos pacientes com resultado positivo para dengue têm entre 40 e 49 anos: são 83 casos, que representam 16,4% do total de diagnósticos. Em seguida estão as pessoas de 50 a 59 anos, que equivalem a 15,2% do total.
De acordo com a chefe do Núcleo, a população dessas faixas etárias são as que mais circulam em diferentes lugares, o que resulta em maior exposição ao mosquito. Já os quadros graves da doença tendem a se concentrar entre crianças, adolescentes e idosos. Mas, segundo Ivânia, o perfil dos pacientes mais críticos oscila.
— Não há perspectiva de vacinação aqui no município, mas não adianta só vacinar. É preciso eliminar os criadouros e prevenir a disseminação do vetor, que não transmite só a dengue, mas também chikungunya e zika vírus — afirma Ivânia.
Passo Fundo é o 22º em confirmações de dengue no RS
Apesar da alta nos casos, Passo Fundo aparece em cenário mais favorável em relação a outros municípios gaúchos. Santa Rosa, por exemplo, é líder no Estado, com quase 9 mil casos positivos de dengue e cinco mortes pela doença.
Além disse, a situação em Tenente Portela (4ª posição), Três Passos (5ª) e Frederico Westphalen (6ª) também preocupam. As três cidades concentram 13 mortes por dengue e recorde de casos, que beiram os 4 mil diagnósticos confirmados de dengue, no caso do quarto colocado.
Em todo o RS, 25 das 30 regiões estão em alerta vermelho para a doença (veja abaixo). Tanto a Região Norte quanto Noroeste aparecem no nível 4, descrito como “situação de crise”.