O vice-prefeito de Erval Seco, Vilmar Viana Farias (PDT), defendeu, nesta quinta-feira (24), o chefe do Executivo municipal, Leonir Koche (PSDB), sobre a fala considerada racista do político. Na visão de Farias, a afirmação sobre "serviço de branco" proferida em 17 de agosto, durante entrevista ao vivo para uma rádio de Frederico Westphalen, não foi racista.
Segundo ele, o mandatário apenas repetiu uma expressão muito usada por outras pessoas e disse ter certeza que o prefeito não proferiu a fala “por maldade”. Farias defendeu que a gestão municipal fala para todos, sem considerar cor.
— Não, não, para mim não é (uma expressão racista). Ele (o prefeito) usou aquela frase que muitos usam: ‘faça serviço de branco, não faça serviço de negro’. Mas isso é uma coisa que usavam lá antigamente, né? E tenho certeza que ele (o prefeito) não disse por maldade — respondeu Farias, ao ser questionado se considera racista a fala de Koche.
O vice-prefeito também disse se autodeclarar "moreno", e acrescentou que não se sentiu atingido pela fala do chefe da prefeitura.
— Eu sou moreno. Estamos no segundo mandato e nunca tive problema com meu prefeito. Isso é assim, uma falha ali, mínima coisa. Sou moreno, e para mim não me atingiu. Porque a gente faz um trabalho para todos: não olha partido, não olha religião, não olha cor. Ele usou uma frase que muitas vezes os antigos usavam: ‘não façam serviço de negro’ — acrescentou Farias.
Nas eleições de 2020, o vice-prefeito se declarou pardo ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Entenda o caso
O prefeito de Erval Seco, Leonir Koche, ao destacar feitos de sua gestão, em entrevista na última semana, afirmou: “fizemos realmente um trabalho de gente branca, vamos dizer, um trabalho perfeito”.
Em entrevista à GZH Passo Fundo, nesta quarta-feira (24), o prefeito detalhou o seu sentimento em relação ao tema:
— Não tive intenção nenhuma de ofender ninguém, é uma metáfora que a gente usa muito aqui, "um serviço de gente branca", um serviço bem feito, mas nunca fui racista. Não tinha ideia que ia dar essa repercussão. Tanto que eu tenho "N" morenos trabalhando comigo, mas enfim, isso pegou uma proporção... são pessoas que querem denegrir a gente. Eu fico sentido com isso — declarou Koche.
Depois, por meio de nota, o prefeito classificou a fala como “infeliz” e disse reconhecer a “desnecessidade de utilização deste ditado não mais popular, e que o mesmo não possui mais espaço na atual conjuntura social”.
O Ministério Público, por meio da Procuradoria da Função Penal Originária, em Porto Alegre, abriu um procedimento para investigar Koche por injúria racial. O PSDB, partido do prefeito, se manifestou na tarde de quarta-feira (23) sobre a afirmação.
Em nota, o partido afirmou que repudia veementemente qualquer manifestação preconceituosa ou racista e que "não há espaço para comportamentos que desrespeitem e disseminem qualquer forma de discriminação".