Com objetivo de tornar a fotografia um instrumento de inclusão social, os fotógrafos Diogo Zanatta e Fernanda Cacenote iniciaram na última semana as oficinas do projeto que leva arte aos membros da Associação Passo-fundense de Cegos (Apace).
O trabalho Câmera Escura: Fotografia Além dos Olhos foi um dos premiados pelo Funcultura, da prefeitura de Passo Fundo, com prêmio máximo de R$ 25 mil.
Ao todo são seis participantes com idades entre 16 e 48 anos e com diferentes níveis de deficiência visual. Nas oficinas, eles têm contato com conceitos básicos de fotografia e são instruídos a fazer os próprios registros. Ao todo, serão cinco encontros, praticados em estúdio e ao ar livre.
— Vai ser um desafio. Vamos descrever todas as cenas para eles, usar dos outros sentidos para fazer as fotos. Relatamos a distância focal, se devem ir mais adiante ou para trás, e guiamos eles até a foto. Vai ser uma construção de imagem, com nossa ajuda, mas a decisão de fotografar é deles — explica Zanatta.
Um minidocumentário está sendo gravado durante os encontros, e o resultado será apresentado junto da exposição das fotografias. Os eventos serão abertos ao público e ocorrerão no Teatro Múcio de Castro, no mês de outubro.
Também haverá um painel com debate com especialistas e membros do projeto e da Apace, sobre a deficiência visual, inclusão social e acessibilidade.
— Eles estão super felizes e entusiasmados, está sendo super emocionante. São pessoas cheias de sonhos e vontades, e a cegueira é apenas um detalhe no meio de uma imensidão de oportunidades que eles têm, e conseguem ter consciência disso — aponta Fernanda Cacenote.
Onde acompanhar
É possível acompanhar o projeto pelo Instagram @ProjetoCameraEscura. Para os fotógrafos, que realizam o segundo trabalho em conjunto, a atividade é uma forma de trazer visibilidade para a Apace, além de incentivar a inclusão social e a acessibilidade.
— Nosso objetivo é tornar a fotografia algo replicável, mostrar que é possível e fazer com que as pessoas se abram para uma nova perspectiva sobre a cegueira. Que possamos incentivar pessoas sem deficiência a 'comprar essa briga', porque as coisas só mudam quando entendemos que a batalha é de todos — finaliza Fernanda.
As atividades projeto Câmera Escura seguem até agosto. Veja o cronograma:
- 1º a 31 de outubro: Exposição na sala Desdêmona, junto ao Teatro Múcio de Castro
- 3 de outubro: Apresentação do mini documentário e painel, no Teatro Múcio de Castro