Na sétima e maior edição do Funcultura, política pública de Passo Fundo, foram premiadas mais de 30 produções artísticas da cidade, totalizando R$ 400 mil de investimento. Com valores diferentes, 30 projetos receberam auxílio de R$ 10 mil e quatro de R$ 25 mil. Os maiores colocados já organizam as produções que voltarão para a comunidade em forma de oficias de teatro, fotografia e música.
O projeto que obteve o primeiro lugar foi o teatro “E a palhaça, o que é?”, da atriz e professora Daniela Dalforno. Voltado a palhaçaria feminina, o espetáculo tem intuito de fortalecer questões que envolvem os direitos das mulheres e discutir sobre o patriarcado.
Ainda em fase de produção, o espetáculo deve ser lançado no mês de julho, e estão previstas nove apresentações em instituições e grupo comunitários da cidade relacionados ao direito e proteção da mulher.
O valor recebido pelo Funcultura viabilizou a estruturação e prática do projeto, que contou com direção de Karla Conca, palhaça carioca. Além das apresentações, Daniela prevê um bate-papo com o público sobre as vivências femininas e uma oficina de palhaçaria para 15 mulheres.
— Este é um projeto sonhado há dois ou três anos e que só vai ser viabilizado pelo Funcultura, pois sem dinheiro não tínhamos como executar. É a oportunidade de fazer o que a gente ama e deseja, e algo que vai fazer a diferença dentro da arte e da cultura para a cidade — afirma a vencedora.
Quem também vai levar espetáculos e oficinas para o público é o teatro Depois da Chuva, de produção de Ana Cláudia Marques. Voltado para diferentes idades, serão organizadas sessões públicas e oficinas de teatro desde o mês de maio até novembro deste ano, em comemoração aos 25 anos do grupo.
— Vimos o Funcultura como uma oportunidade de levar oficinas e espetáculos para a comunidade. Planejamos pelo menos duas apresentações nas escolas, com contação de história, e outros espetáculos para o público adulto, em diferentes espaços e teatros da cidade — ressalta Ana Cláudia.
Nas oficinas, cada um dos cinco integrantes do grupo ministrará uma aula diferente, para crianças e adultos, relacionadas a música, teatro e yoga. Também está prevista para outubro a visita do artista Carlos Simioni, do Lumi Teatro de Campinas (SP), para dar um curso voltada para artistas e estudantes de arte da cidade. Todas as datas ainda devem ser divulgadas pelo grupo.
Cultura e Acessibilidade
Também recebendo premiação máxima, o trabalho Câmera Escura: Fotografia Além dos Olhos, feito pelo fotógrafo Diogo Zanatta, em parceria com Fernanda Cacenote, incluirá deficientes visuais no mundo da fotografia. Em oficinas que serão realizadas com adolescentes e adultos assistidos pela Associação Passo-fundense de Cegos (Apace), que serão instruídos a fotografar.
— Vamos trabalhar com vários níveis de cegueira, através dos sentidos. A fotografia é algo muito visual, pois as pessoas veem o local ou objeto que querem fotografar e depois veem a fotografia pronta. Então este é o nosso desafio, mostrar que tem outra forma de “enxergar” essas fotos, através dos sentidos, da emoção e da instrução que faremos — explica Diogo.
As fotos capturadas serão expostas em evento aberto ao público, que deve contar com bate-papo de especialistas, entre funcionários da Apace, oftalmologista, assistente social e psicólogo para falar sobre a deficiência visual e a acessibilidade. Ao longo de todas as atividades, será gravado um minidocumentário, que registrará todo o projeto, chamando atenção para a deficiência e a possibilidade de inserir essas pessoas em atividade cultural e artística.
Com objetivo de levar ao público uma experiência imersiva nos sentidos por meio da música, o Concerto Multissensorial Villa Lobos em 360º chegará aos passo-fundenses ainda neste ano. Idealizado pelo professor de música Douglas Renan Chapuis, em parceria com Augusto Dossa, a proposta é trazer um concerto diferente, em que a plateia possa interagir com o espetáculo:
— Pretendemos trabalhar primeiro com uma apresentação da ideia para o público, com dados e o repertório. Em um segundo momento haverá o concerto, com luzes e fatores que vão permitir que a plateia se sinta parte do projeto — afirma Renan.
A ideia é que ocorram três sessões para escolas municipais e comunidade geral, sendo inclusivo para pessoas com deficiência visual e auditiva.
Funcultura
A entrega da premiação ocorreu no último dia 26, no Teatro Municipal Múcio de Castro. Nesta edição, foram 116 inscritos e 111 projetos homologados. O Funcultura promove a criação de projetos que retornem para a população em formato de shows, peças, teatros e todas as formas de cultura.
— Hoje temos avaliadores externos contratados por editais que nos relatam como crescem em qualidade os projetos inscritos, e é isto que queremos, que a cultura chegue à população na qualidade. Para a próxima, que deve ser anunciada no segundo semestre, já anunciamos o valor de R$ 500 para a próxima edição — adianta a secretária de cultura de Passo Fundo, Miriê Tedesco.