Incentivada pela mãe desde a infância, Miriam Postal Garbelotto, 61 anos, artista plástica nascida em Passo Fundo, no norte do Estado, adquiriu o gosto de pelas artes ainda pequena.
Nasceu em Passo Fundo em 21 de maio de 1962, sendo a irmã do meio entre cinco filhos de Lourdes Postal e Arnaldo Garbelotto. O pai dono de um comércio de sapatos e móveis e a mãe professora.
O incentivo para as artes veio da mãe, que no magistério era conhecedora do meio. Assim Miriam teve o privilégio de ser apoiada por alguém que admirava e estimulava todas as formas de arte. A menina fez teatro, piano e pintura.
— Minha mãe foi a maior motivadora da minha vida. Apoiava arte, música e literatura.
Miriam lembra que mesmo tendo destaque como artista na vida adulta, não foi uma criança prodígio nas artes, mostrando que mesmo sem grande destaque, quando se é apaixonada pelo que faz, curiosa, participativa, o sucesso chega.
— Sempre gostei de desenhar, pintar, de teatro, dança, fotografia, mas não fui espetacular em nada. Era curiosa e participativa, mas não um prodígio.
Se inscreveu pessoalmente em uma escola de artes
Aos 10 anos Miriam procurou o famoso Centro de Desenvolvimento da Expressão Carlos Barone de Passo Fundo, uma escola de artes para crianças, fundada em 1967 que funcionou por mais de 40 anos, com participação de milhares de alunos durante seu funcionamento. Foi lá que o gosto pela pintura aflorou.
— Minhas primeiras aulas de pintura foram com a professora Lola Lachno, depois fiz aulas de piano também.
A exemplo da mãe, frequentou magistério do Ensino Médio e fez bacharelado em Artes Plásticas na Universidade de Passo Fundo. Começou a lecionar em 1982 e trabalhou até 1993 como professora de Português, Estudos Sociais e Educação Artística, no Instituto Educacional (IE) e na Escola Estadual Nicolau de Araújo Vergueiro. Também foi professora de Desenho no Instituto de Artes da UPF.
A união do magistério com a carreira artística acabou tendo que ser interrompida devido ao volume de encomendas de trabalhos e convites para exposições.
— Me exonerei do magistério, me dedicando somente à carreira artística.
Gordinhos surgiram na década de 1980
Na década de 1980, Miriam começou a “engordar” seus personagens, e passou a pintar telas com figuras roliças e carismáticas, multicoloridas, que conquistaram cada vez mais admiradores.
A linguagem dos elementos resultou em um estilo único da artista, caracterizando suas telas com os conhecidos “gordinhos”.
A artista fez várias exposições individuais e coletivas no Brasil e no exterior, em países como Portugal, Estados Unidos, Paraguai, Alemanha e Suécia. O sucesso de suas telas é até hoje mencionado e aplaudido. Quem visita empresas de Passo Fundo e outras cidades do Brasil se depara com as telas coloridas e com seus personagens alegres.
Além de telas, eles acabaram sendo reproduzidos em capas de almofadas, canecas, mouse pad, camisetas, cartões.
— Lembro de quando levava meus quadros embaixo do braço para divulgar meu trabalho. Ia de porta em porta para ver quem se disponibilizaria a expor minhas obras. Recebi muitos ‘não’, mas seguia em frente. Sempre foi motivo de surpresa ser uma artista do interior e mesmo assim fazer sucesso. Hoje, com a tecnologia, a conectividade, as obras viajam pelo mundo, e deixou de ser estranho o sucesso de quem sai do interior.
Família
Mirian está em seu segundo casamento, com Celso Menegaz. Tem uma filha, Anna Virgínia, que vive na França e atua como engenheira de materiais. Anna foi mãe recentemente de Gabriel, que tem 10 meses.
Arte acessível para todos
Mesmo com a grande aceitação pelo seu trabalho, com procura por suas telas, a artista sempre teve a compreensão de que a obra de arte deveria ser para todos, que não fosse somente elitista, inatingível.
— Acredito que a arte deve ter proximidade com todos, não tinha o porquê fazer algo que não tivesse ao alcance das pessoas. Então a partir dessa compreensão fiz muita arte aplicada em canecas, pratos, capas de almofadas e fiz fôlderes com convites para exposições ampliados, com a impressão de telas em formato que oportunizasse enquadrar. Eu sempre procurei essa proximidade e acredito que como sempre compartilhei minha arte, hoje ela anda sozinha.
Gratidão por Passo Fundo
Miriam diz se sentir grata a Passo Fundo, pois foi na cidade que desenvolveu toda sua vida pessoal e profissional.
— Sempre me senti amada e prestigiada pela cidade, o que fez com que eu, mesmo estando distante, quisesse me informar sobre os acontecimentos e as notícias sobre Passo Fundo. Foi lá que fiz minha trajetória, e por sempre acreditar na educação, lecionei e fiz da minha vida acadêmica.
A maior concentração de suas obras está em Passo Fundo, onde teve mais reciprocidade, contato, número de exposições, projetos, trabalhos, alunos e instituições que integrou.
— Minha ligação é muito forte com a cidade.
Miriam reside há cinco anos em Balneário Camboriú.
GZH Passo Fundo
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