Junho de 2022 foi a última vez em que Passo Fundo teve registro de um mês com chuva acima da média. Para aquele mês, esperava-se 158 milímetros de água e, ao final do período, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apontou um total de 314,9 milímetros. Desde então, o fato não se repetiu nenhuma vez. De lá para cá, são 10 meses em que a média não é alcançada.
Conforme os dados da Embrapa, nos meses de setembro e dezembro do último ano, a quantidade de chuva foi de apenas 32% e 33%, respectivamente, do que é considerado na média histórica. Os dois meses que mais se aproximaram de atingir a média foram agosto de 2022 e janeiro deste ano, com 90% e 87%, respectivamente.
Em uma análise dos registros de janeiro de 2019 a dezembro de 2022, do total de 54 meses, apenas 18 tiveram chuvas acima da média, enquanto 36 registraram menos precipitações do que o esperado.
As barragens que fornecem água para os mais de 200 mil habitantes de Passo Fundo também são impactadas pela pouca chuva. No início de maio de 2023, a Barragem da Fazenda, que abastece cerca de 60% da população, registrava 3,8 metros abaixo do nível normal. Já a Barragem do Arroio Miranda estava com 1,7 metros a menos do que o nível normal.
A situação seria ainda mais grave caso a Corsan não realizasse transposições. Ainda em dezembro, mês que registrou apenas 33% da média de chuvas, a companhia iniciou o procedimento para transpor água do Rio Jacuí à Barragem da Fazenda. E, posteriormente, em fevereiro deste ano, o mesmo processo iniciou na Barragem do Arroio Miranda, que desde então recebe água da antiga Pedreira da São José.
Segundo o superintendente da Corsan, Aldomir Santi, classifica a situação como “muito preocupante”:
— Não tem como suportar isso. A gente está fazendo a transposição do Jacuí para Barragem [da Fazenda], a transposição do Lago da Pedreira para Barragem do Miranda, mas mesmo assim não está sendo suficiente para fazer frente a este período de estiagem que está se prolongando.
A diferença entre o que deveria ter sido registrado de chuva ao longo dos dez meses e o que de fato foi é de 693 milímetros. Por isso, segundo Santi, chuvas de 15 ou 20 milímetros tem baixíssimo impacto na restauração dos níveis. Para corrigir a situação, é necessário que chova durante diversos dias em grandes quantidades, chegando a, pelo menos, 300 a 400 milímetros.
Cenário crítico
Questionado sobre a atual situação das barragens e a possibilidade de racionamento, Santi frisou que caso nos próximos 45 a 50 dias não chova mais do que a média, o cenário será de “estado crítico”, porém não confirmou que Passo Fundo pode ter uma realidade semelhante a de Bagé, na região sul do Estado.
— Nós temos um volume significativo armazenado, mas estamos ‘gastando a gordura’, que é o que está armazenado. Se não chover nos próximos 45 dias um pouquinho acima da média, com certeza a partir dali nós vamos entrar em um estado crítico e podemos pensar em uma situação bem complicada — frisa Santi.
Uso consciente da água
Em Passo Fundo, são consumidos cerca de 60 milhões de litros de água por dia. Por isso, a Corsan solicita que a população faça o uso consciente da água. Evitando desperdícios com lavagem de carros, calçadas e outras situações.
GZH Passo Fundo
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