O Rio Grande do Sul tem 390 dos 497 municípios com situação de emergência decretada em razão da estiagem neste ano. Conforme última divulgação da Defesa Civil, 388 deles já foram homologados pelo governo do Estado e 385 tiveram a situação reconhecida pela União. Os casos mais recentes entraram na lista no mês de abril, com a inclusão de São Valentim do Sul, no Vale do Taquari, e Tupanci do Sul, no Norte.
Bagé, na Campanha, ampliou, na segunda-feira (1º), o racionamento de água, que vinha sendo de 15 horas por dia desde março e passou para 18 horas diárias. O município enfrenta falta de chuva desde setembro de 2022.
Em entrevista ao Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, nesta terça-feira (2), o diretor do Departamento de Água, Arroios e Esgotos de Bagé (Daeb), Franco Alves, afirmou que, apesar da escassez, não acredita que o município possa ficar totalmente desabastecido.
Além de Bagé, outros municípios da Fronteira Oeste e da Campanha são atingidos pela falta de chuva, conforme o coordenador da 6ª Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil, capitão Luis Sandro Martins. Ele afirma que praticamente todos os 24 municípios que fazem parte da área estão com problemas de abastecimento de água, sendo o mais grave o caso de Bagé.
— Estamos com problemas em Hulha Negra, que estamos com racionamento de água, e também em Caçapava do Sul, com a barragem deles praticamente seca — salienta Martins.
Coordenador municipal da Defesa Civil de Caçapava do Sul, Gilnei Marques espera que a chuva possa amenizar na situação. Desde o final de dezembro de 2022, a prefeitura está levando água para 26 localidades, contemplando mais de 80 familias.
— Está bem mais severo que nos demais anos — avalia Marques.
Em Cachoeira do Sul, situação piorou desde fevereiro
Em fevereiro, a reportagem de GZH esteve em Cachoeira do Sul, na Região Central, onde o quadro em relação à estiagem já era severo, com prejuízos na agricultura e falta de água para consumo humano e de animais. DE lá pra cá, o cenário piorou, de acordo com o secretário municipal de Agricultura e presidente do Sindicato Rural de Cachoeira do Sul, Fernando Cantarelli.
Ele conta que a pecuária segue afetada pela falta de pasto, deixando o gado com pouco peso. E aumentaram os pedidos por água.
— Não tivemos uma demanda tão grande como estamos tendo agora. Tem lugares em que nunca foi necessário abastecer por caminhão-pipa, e nesse ano estamos tendo que dar esse suporte. Entregamos entre 30 e 40 mil litros d'água por dia — explica.
O engenheiro agrônomo Jerson Luiz Pinto dos Santos estima que a colheita de soja encerrará com média de 25 sacas por hectare — metade das 50 sacas previstas.
— A situação da soja é bem grave. Faltou água em algumas áreas; deu um abandono de 2 mil hectares de arroz irrigado sem água, então, comprometeu um pouco — esclarece Santos, que estima déficit de 600 milímetros de chuva na região.