Uma clínica veterinária de Panambi, no noroeste do RS, tem uma nova moradora desde o início deste mês: uma fêmea de gato-maracajá. O filhote de apenas 28 dias foi resgatado ferido, coberto de carrapatos e pulgas.
O salvamento aconteceu em 1° de dezembro, quando, quase sem vida, o filhote foi encaminhado para cuidados veterinários por um morador. O Batalhão Ambiental da Brigada Militar foi acionado e confeccionou um Termo de Fiel Depositário para a médica responsável pela clínica.
Depois de receber soro e medicações, o animal se recupera antes de voltar para a natureza.
— Estava muito mal, agora está em recuperação para depois ser transferida para Passo Fundo. Vai ser inserida com outros da mesma espécie para tentar a soltura, porque enquanto estão com nós ficam mansos demais — conta a graduanda em Medicina Veterinária Darlane Nyland, voluntária responsável pelo tratamento do filhote.
O tempo que os animais silvestres passam na companhia dos humanos dificulta a soltura, explica Darlane. Mas, no caso do gato-maracajá, é necessário esperar, uma vez que a felina precisa estar mais forte para realizar o transporte até Passo Fundo.
O destino da fêmea será o Centro de Acolhimento de Animais Silvestres (Primaves). O espaço funciona desde 2004 como um lar para espécies que não têm condições de voltar à natureza.
Eles chegam na instituição encaminhados pela Secretaria Estadual do Meio Ambiente e, em sua maioria, são vítimas de apreensões do tráfico de animais, resgate em áreas urbanas e caça ilegal.
No caso do filhote de gato-maracajá, os veterinários esperam que a proximidade com outros felinos do Primaves facilite a reinserção no habitat natural. Dependendo da adaptação, ele será devolvido à natureza.
Animal não é doméstico
O felino da espécie Leopardo wiedii também é conhecido como gato-do-mato. Ele caça à noite sem a companhia de outros animais e está em risco grave de extinção.
Quando filhote, possui semelhanças com os gatos domésticos, mas quando atinge a vida adulta passa a apresentar patas e cauda grandes.
— Os filhotes, sendo lindos assim, têm o instinto selvagem. Devemos tomar cuidados para evitar mordidas e o estresse a eles. Já os adultos precisam de sedação para ser manejados — complementa a veterinária sobre as diferenças entre o gato-maracajá e um gato doméstico.
O felino é importante controlador de espécies que são suas presas, em especial pequenos mamíferos herbívoros, além de influenciar a distribuição de polinizadores, como aves e insetos. O desmatamento é um dos fatores que influência na migração desse animal para áreas urbanizadas.
— Se encontrou um animal silvestre, sempre entre em contato com a Patram pedindo orientação, porque tem animais que estão com a mãe aprendendo a comer e a voar, como tucanos, por exemplo. Não pode retirar eles da natureza, a não ser que apresentem ferimentos — salienta Darlane.
O contato com o Batalhão Ambiental da Brigada Militar pode ser feito através do telefone 190. Em Panambi, a Clínica Veterinária Rainha do Egito atua no cuidado a animais silvestres de forma voluntária, com plantão 24 horas.