Depois de ser eliminado do Gauchão de Futsal, por ter abandonado a partida da semifinal após um caso de injúria racial, o Atlântico foi absolvido pelo Pleno do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-RS) nesta quarta-feira (11). Segundo a nova decisão, a equipe poderá disputar os minutos finais do confronto contra o Guarany e tentar uma vaga na grande decisão do torneio.
A direção do time de Erechim, contudo, não concordou com o resultado do julgamento, que prevê que a partida contra o time de Espumoso terá continuidade no Ginásio Módulo Esportivo. Foi lá, afinal, que o goleiro João Paulo, do Atlântico, denunciou ter sido alvo de uma injúria racial.
Na ocasião, o atleta foi chamado de "macaco" por um torcedor que acompanhava o jogo. O caso ocorreu em 30 de novembro.
Em entrevista à GZH, o supervisor de futsal do Atlântico, Elton Dalla Vecchia, destacou que é "incabível" o elenco retornar para o local, mesmo que a partida ocorra com portões fechados.
— Não era esse julgamento que queríamos. Não tem cabimento levarmos os atletas para jogar lá novamente. É incabível, mas como sempre, respeitamos a decisão. Achei o julgamento no nível técnico extremamente alto. Todos advogados com as suas argumentações dentro da legislação ou não, mas como disse, é evidente que respeitamos cada uma delas — disse o dirigente.
Ele também comentou sobre a possibilidade de o Atlântico recorrer à terceira instância:
— Vamos aguardar receber o acórdão do julgamento para ver as novas providências. Mas sabe o que mais me impressiona? O Grêmio foi eliminado da Copa do Brasil num caso muito semelhante. O Londrina também perdeu pontos e foi eliminado. Aqui não foi assim, e ainda deram o mando de quadra para o Guarany. Eu acho muito estranho.
Depois que o time de Erechim receber o acórdão, terá 72h para recorrer da decisão tomada pelo TJD nesta quarta-feira. Caso decida não recorrer, a Liga Gaúcha de Futsal (LGF) marcará uma data para a continuidade da partida entre Guarany e Atlântico.
O confronto entre as equipes deverá ser retomado a partir dos 4min10s do primeiro tempo da prorrogação, com o placar em 1 a 1. Persistindo a igualdade, a decisão do finalista será definida nos pênaltis.
Relembre o caso
O caso ocorreu durante a partida de volta da semifinal do Gauchão de Futsal, no Ginásio Módulo Esportivo, em Espumoso. O Atlântico venceu no tempo regulamentar, por 4 a 1, e encaminhou a decisão à prorrogação. No entanto, aos 4min10s do tempo extra, quando o placar estava 1 a 1, a partida foi paralisada após uma denúncia de injúria racial.
O goleiro João Paulo, do Atlântico, relatou ter sido chamado de "macaco" por um torcedor do time da casa. O atleta chegou a identificá-lo, mas a segurança privada contratada pelo Guarany não teria detido o homem. Por isso, jogadores e comissão técnica do Atlântico optaram por não retomar à quadra.
Depois do primeiro julgamento, que decretou a eliminação do Atlântico e multa para o Guarany, as equipes entraram com recurso junto ao Pleno do TJD-RS. Na nova instância, ficou definido que a partida terá continuidade no Ginásio Módulo Esportivo, mas com portões fechados. O Guarany, por sua vez, foi multado em R$ 20 mil.
O torcedor que cometeu a injúria racial foi proibido de frequentar o Ginásio Módulo Esportivo por 720 dias.