O Atlântico deve recorrer da decisão do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-RS) que culminou na eliminação do clube no Gauchão de Futsal. O time de Erechim foi julgado nesta quinta-feira (5), por abandonar a quadra depois que o goleiro João Paulo foi vítima de injúria racial, na partida contra o Guarany, em Espumoso, no sábado (30).
Após a decisão do TJD, o Atlântico, além de perder os pontos em disputa e ser eliminado do Gauchão de Futsal, deverá pagar uma multa de R$ 100. A direção do clube de Erechim, por sua vez, não concorda com a punição e, por isso, vai recorrer.
O Galo recebeu a lavratura de acórdão do julgamento nesta sexta-feira (6), e por isso, terá até quarta-feira (11) para oficializar o recurso ao TJD. A partir disso, uma sessão deverá ser marcada.
— Nossa ideia é apresentar contraprovas. Durante o julgamento, o Guarany apresentou fatos inverídicos e não concordamos com isso. Por exemplo, foi o Atlântico quem chamou a Brigada Militar durante o jogo, não eles. Também, falaram que logo que o João Paulo apontou para o torcedor que teria proferidos as ofensas, os seguranças já teriam ido até ele, mas isso é mentira. O homem ficou mais de 15 minutos no ginásio e ninguém foi até ele — disse Elton Dalla Vecchia, supervisor de futsal do Atlântico, que completou:
— Repito outra vez, a nossa indignação não é esportiva, mas sim humana e social.
A única punição imposta ao torcedor que cometeu a injúria racial é que ele não poderá frequentar o Ginásio Módulo Esportivo por um período de 720 dias.
Apoio político
Segundo o dirigente, a deputada Luciana Genro (PSol), autora da Lei Vini Junior, entrou em contato com a direção do Atlântico para contribuir acerca do caso.
O PL 267/2023 determina a utilização de um protocolo de combate à discriminação em estádios de futebol e arenas esportivas em casos de suspeita de racismo, injúria racial ou homofobia.
Relembre o caso
O jogo, válido pela partida de volta da semifinal do Gauchão de Futsal, ocorria no Ginásio Módulo Esportivo, em Espumoso. O Atlântico venceu o tempo regulamentar por 4 a 1 e encaminhou a decisão à prorrogação. No entanto, aos 4min10s do tempo extra, quando o placar estava 1 a 1, a partida foi paralisada por uma denúncia de injúria racial.
O goleiro João Paulo, do Atlântico, relatou ter sido chamado de "macaco" por um torcedor do time da casa. O atleta chegou a identificá-lo, mas a segurança privada contratada pelo Guarany não se direcionou até o homem. Por isso, jogadores e comissão técnica do Atlântico optaram por não retomar à quadra.
Após 3h30min de julgamento nesta quinta-feira (5), ficou definido que o jogo não será retomado e os três pontos da partida irão para o Guarany. A equipe de Espumoso, no entanto, foi condenada à multa de R$ 10 mil e mando de dois jogos com portões fechados. O Atlântico, além de perder os pontos em disputa e ser eliminado do Gauchão de Futsal, deverá pagar uma multa de R$ 100.
Já o torcedor que cometeu a injúria racial não poderá frequentar o Ginásio Módulo Esportivo por um período de 720 dias.