Empresários das regiões Norte e Noroeste do Rio Grande do Sul têm oferecido estrutura e espaço para empresas afetadas pela enchente que ainda não conseguiram voltar a trabalhar depois da catástrofe climática. O objetivo é apoiar a retomada da operação de modo solidário e sem custos aos atingidos.
Conforme a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), cerca de 47 mil indústrias gaúchas foram prejudicadas pelo excesso de chuva que atingiu o RS em maio de 2024. Nesse período, o desempenho da indústria caiu 11,8% e foi o segundo pior da série histórica, conforme pesquisa recente da entidade, só perdendo para abril de 2020, início da pandemia.
Diante do cenário, companhias das regiões afetadas em menor gravidade — como norte e noroeste — disponibilizaram maquinários para outras indústrias do mesmo setor. É o caso da Ibisul, indústria de eletrônicos para diversos segmentos, mas voltada em especial para a tecnologia do agronegócio.
Baseada em Ibirubá, no noroeste gaúcho, disponibilizou uma máquina com capacidade de produzir 2,5 mil componentes por hora.
— Apesar de sermos uma empresa de pequeno porte, temos o equipamento e, de certa forma, está ocioso até pela baixa do próprio setor do agro ocorrida no primeiro semestre do ano. Por isso temos condições de contribuir — explica Vanderlei Caraffini, diretor comercial da empresa.
Para ajudar, a companhia pede que as empresas que podem fazer uso do equipamento entrem em contato e, assim, possam retomar o atendimento aos clientes. A ideia dos empresários de Ibirubá é que outras companhias possam ter uma produção mínima e, desta forma, conseguir manter funcionários empregados e as portas abertas.
Estruturas prontas para receber empresas
Quem também busca ajudar indústrias que ainda não conseguiram retomar as atividades é o empresário Edson Conte, de Marcelino Ramos. A companhia que é proprietário, a Conte, tem pavilhões disponíveis para receber outras empresas por dois ou três anos sem custo algum — apenas o pagamento da energia elétrica.
Os três pavilhões têm 600, 500 e 300 metros quadrados. Todos foram cobertos e cercados, com segurança. Segundo Edson, a ideia é manter as empresas abertas e em solo gaúcho.
— Estamos dando um empurrãozinho para começar dentro das possibilidades que temos, que é ceder os espaços. Se precisar por dois ou três anos, não há problema nenhum. O que queremos é que o pessoal não abandone o Estado e que tenha o ânimo para começar de novo, por que terão que começar um novo projeto — disse.
A iniciativa dos empresários é uma forma de ajudar a economia gaúcha e também trabalhadores. De acordo com o diretor-presidente da FGTAS, José Scorsatto, o Rio Grande do Sul teve uma redução de 22 mil postos de trabalho em maio, por causa da chuva.
— Aqueles que não foram atingidos diretamente, pois indiretamente todos fomos, dão esse auxílio para aqueles que precisam para que continuem nesse período difícil com sua empresa, com seu negócio e logo ali na frente possa fluir tranquilamente o trabalho — pontuou.