Faltando menos de duas semanas para a Sexta-Feira Santa, supermercados, peixarias e criadores de pescados preparam seus estoques. A Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) espera que sejam comercializados 420 mil quilos de pescados no RS na Semana Santa. Em Passo Fundo, a expectativa é de aumentar as vendas em relação ao ano passado.
Na peixaria da família de Nathalia Mattos Formighieri, o estoque já foi reforçado com antecedência para atender a clientela que se adianta e já compra a carne de peixe. O trabalho cuidadoso para suprir a demanda é porque março é considerado a "safra" da loja, quando bons negócios acontecem.
— A gente se prepara e espera vender muito mais do que qualquer mês do ano. Então, esse ano a gente está almejando chegar a 10 toneladas de pescados em uma semana. Vendendo isso, a gente vai atingir 25% de crescimento em relação ao ano passado — aponta a empresária Nathalia Mattos Formighieri.
Em uma rede de supermercados de Passo Fundo, também há otimismo. Segundo o proprietário, Celo Marcolan, as vendas devem aumentar em relação ao ano passado pois os preços dos pescados se mantiveram estáveis.
— Preços estão estáveis, não subiram, então eu acredito que, como aumentou o salário, também o poder aquisitivo do pessoal está melhor. Eu acredito em aumento de 5% sobre o ano passado — disse Marcolan.
Tanto na peixaria da Nathalia quanto nas unidades do supermercado do Celso a grande parte dos clientes busca por um mesmo pescado: a tilápia. Cada vez mais esse peixe tem sido parte do cardápio do consumidor.
Essa procura se reflete nas pisciculturas pelo país. Em 2023, segundo o Anuário da Peixe BR, a tilápia atingiu 65% da produção brasileira, com 579 mil toneladas de peixes. No Rio Grande do Sul foram 8,5 mil toneladas de tilápias produzidas.
Em Coxilha, a cerca de 20 quilômetros de Passo Fundo, a piscicultora Gabriela Mattei investe na criação de tilápias. Nestas semanas que antecedem a Sexta-Feira Santa o telefone não para de tocar e as mensagens chegam a todo momento. São empresas, consumidores e criadores até de outros estados buscando tilápias.
Neste ano, a busca aumentou, o que levou Gabriela a fechar um bom volume de negócios para data e meses seguintes.
— Todos os dias há a procura da tilápia fresca para venda, tilápia filé ou os alevinos de tilápia para outros produtores que já entendem essa necessidade. Todos os dias eu tenho pedidos. A produção desse ano do ciclo vai fechar em torno de 500 toneladas.
Assim como Gabriela, muitos piscicultores já fecham negócios para Sexta-Feira Santa. De acordo com o extensionista da Emater, Vilmar Leitzke, na região de 42 municípios que a unidade regional de Passo Fundo atende, esta é a época de maior demanda.
Na região são cerca de 300 piscicultores atendidos pela Emater. Além das tilápias, carpas, traíras e jundiás e têm demanda por parte dos consumidores.
— Esse é o período na nossa região onde se tem a maior demanda por peixes e também se tem uma organização regional por parte dos produtores, justamente para atender esta demanda. Então podemos, sim, afirmar que a Semana Santa, ou esse período que antecede a Semana Santa, efetivamente se consolide como a safra da piscultura na região — afirma Gabriela.