O retorno dos voos no aeroporto Salgado Filho, a partir de segunda-feira, é um dos mais importantes marcos do reerguimento do Rio Grande do Sul após a enchente de maio. A volta dos pousos e decolagens em Porto Alegre, cinco meses e meio depois de o terminal e a pista serem alagados, significa o começo da normalização do tráfego aéreo no Estado. A ligação com os principais centros do país ganha em agilidade, a oferta de assentos se aproxima da demanda e, por consequência, os preços das passagens passam a se acomodar.
Será um empurrão decisivo para os segmentos econômicos que dependem da regularização da malha aérea para recobrar o fôlego
O recomeço das operações, como se sabe, será parcial. Para esta segunda-feira estão previstos 71 voos, que devem movimentar cerca de 9 mil passageiros. Ainda assim, muito acima da quantidade de viajantes que hoje se valem da Base Aérea de Canoas, em torno de 4,5 mil por dia. Os números vão subindo ao longo das semanas seguintes. A partir de 4 de novembro, a estimativa é de 122 voos diários, com a circulação de 16 mil passageiros em chegadas e partidas. Já será um fluxo de aeronaves mais parecido com o período anterior à cheia – aproximadamente 160 pousos e decolagens diários. As viagens internacionais retornam a partir de 16 de dezembro.
A reabertura do aeroporto da Capital dará um empurrão decisivo para uma série de segmentos econômicos que dependem da regularização da malha aérea para recobrar o fôlego. Permitirá a volta a pleno do turismo no Rio Grande do Sul e fará com que os setores de cultura, viagens corporativas e de eventos tenham condições de reviver a normalidade, com benefícios para os negócios de hotelaria e gastronomia, entre outros. A retomada do Salgado Filho permitirá ainda, aos poucos, o reinício do transporte de cargas por via área, utilizado em especial para produtos de maior valor agregado. Para os gaúchos que viajam a lazer ou por compromissos profissionais, da mesma forma será o fim de um período conturbado em que deixar o Estado e retornar se tornou uma maratona onerosa por muitas vezes terem de utilizar aeroportos alternativos da malha emergencial organizada às pressas em outras cidades, inclusive de Santa Catarina, a preços exorbitantes.
Uma solenidade, inclusive com a presença de ministros, celebra hoje a volta do Salgado Filho. Diferentes autoridades e governos, deve-se reconhecer, colaboraram para a reabertura do aeroporto, de acordo com as suas atribuições. Não pode ser esquecido, no entanto, que no início de junho a operadora Fraport e o próprio Executivo federal comunicaram que só seria possível retomar os voos em dezembro. A insatisfação demonstrada pela sociedade gaúcha, exercendo forte pressão para que concessionária e poder concedente encontrassem meios para abreviar um prazo inaceitável, foi decisiva para a mobilização que resultou no encurtamento da espera. No mês seguinte foi confirmado que o retorno parcial seria em outubro.
Os dias de transtornos e prejuízos econômicos com a paralisação do Salgado Filho começam a ficar para trás. Mesmo que o momento justifique celebrações, ainda é preciso cobrar as medidas e as precauções necessárias para que o mesmo caos não se repita no futuro.