Está se aproximando o período mais frio do ano no Rio Grande do Sul. Para milhares de famílias carentes do Estado, moradores de abrigos e a população mais vulnerável, como a que está em situação de rua, é a época de enfrentar a incerteza sobre se terão roupas, calçados e cobertas adequadas para atravessar os meses de temperaturas baixas. Felizmente, como virou tradição, a sociedade também se mobiliza para colaborar com as campanhas do agasalho lançadas pelo Palácio Piratini, prefeituras e entidades.
Como virou tradição, é a época em que a sociedade se mobiliza para colaborar com as campanhas do agasalho
Retorna o momento, portanto, de quem tem peças para doar se sensibilizar e se engajar nessa corrente de solidariedade voltada a aplacar o sofrimento de outros gaúchos que, sem o amparo da comunidade e do poder público, sofrerão com os dias e noites gélidos do inverno do Rio Grande do Sul. O governo do Estado lançou na segunda-feira a Campanha do Agasalho 2023 e, na cerimônia, apresentou uma pesquisa detalhando os principais motivos que muitas vezes levam a contribuições menores do que o possível. Entre eles estão a correria do cotidiano, a procrastinação, a baixa quantidade de peças disponíveis e o apego especialmente a roupas e calçados.
Pode-se observar que, nos dois primeiros fatores, existe a intenção de doar, mas por situações do dia a dia, como o ritmo de vida frenético, a colaboração não se materializa. Existem formas de contornar essas barreiras. Entre elas, ter mais pontos de coleta em locais de grande circulação, onde as pessoas necessariamente têm de ir, sem que saiam de suas rotinas, como supermercados e postos de combustíveis, por exemplo. Há iniciativas nesse sentido, mas, se fossem estendidas, os resultados poderiam ser ainda mais satisfatórios. Junto a isso, há a necessidade de uma ampla divulgação, para que os cidadãos saibam como terão o gesto facilitado. Uma importante contribuição nesse sentido é a ação da Federação Israelita do RS, que no dia 4 de junho promove mais uma edição do Iom Mitzvah (Dia do Dever). Uma frota de caminhões percorrerá alguns bairros da Capital recolhendo doações junto às residências.
Mas o principal é que, ano após ano, os gaúchos têm demonstrado grande disposição de contribuir e procurado os pontos de coleta. Em 2023 não será diferente. Agora, o mote da comunicação da campanha será o desapego, uma forma de estimular a doação de peças de relativo tempo de uso, mas com algum valor sentimental. Deve existir a compreensão, no entanto, de que o desprendimento vai significar a possibilidade de outra pessoa não padecer de frio. Renova-se ainda o apelo de que os itens entregues devem estar em bom estado, limpos e em condição de uso. Doação não é sinônimo de descarte.
As campanhas do agasalho se somam a outras ações, como a Operação Inverno 2023, da prefeitura da Capital, que se iniciará em 1º de junho e, por três meses, acolherá em diversos pontos da cidade a população em situação de rua, especialmente nas noites de temperaturas mais baixas. Deve-se lembrar ainda que, com a volta do El Niño, o Rio Grande do Sul tende a ter maiores volumes de chuva no final do inverno e na primavera. É uma circunstância que costuma causar enchentes e inundações, desalojando quem vive em áreas de risco, o que deve elevar a necessidade de donativos como roupas, colchões e cobertas.