A busca por uma cobertura capaz de conter a propagação da pandemia está sujeita principalmente à disponibilidade de vacinas, um fator que voltou a causar contratempos no início desta semana, com falta de doses em algumas cidades do país e, pontualmente, inclusive em Porto Alegre. Mas uma boa velocidade da imunização, assim que a questão dos estoques for solucionada, também depende de organização e medidas que facilitem a busca da população pelas vacinas. É o que faz agora a prefeitura de Porto Alegre, ao abrir a possibilidade de aplicação em horários noturnos, por meio de agendamento pelo aplicativo 156+POA. É uma alternativa válida principalmente para pessoas que têm compromissos durante o dia e, com isso, teriam maior dificuldade de deslocamento em um período de expediente, por exemplo.
Com a regularização dos estoques, o Estado ainda tem condições de, até setembro, garantir a primeira dose a todos os maiores de 18 anos
A iniciativa vale apenas para a primeira dose e a marcação tem de ser feita sem muitos dias de antecedência. Afinal, ainda não há vacinas suficientes para toda a demanda, o que impede um planejamento com prazo maior. Mesmo assim, a prefeitura admite ampliar esse meio se a experiência for exitosa. Por enquanto, a Capital vacina pessoas a partir de 50 anos de idade. Conforme as faixas etárias vão diminuindo, maior é o público-alvo. Assim, com a chegada de novas remessas, toda ampliação de horário de atendimento é bem-vinda, evitando filas e aglomerações. Iniciativas semelhantes poderiam ser adotadas também em outros municípios do Estado, especialmente os mais populosos.
Além do número de pessoas maior nas faixas etárias intermediárias, espera-se que, nas próximas semanas, o Estado e o país possam contar com uma quantidade maior de vacinas. Na segunda-feira, chegaram mais 526 mil doses do imunizante Oxford/AstraZeneca, mas apenas para a segunda dose e, em breve, o Rio Grande do Sul também receberá a primeira cota do produto da Janssen, mesmo que seja um volume pequeno. Estima-se que 140 mil doses da marca, que tem a vantagem de precisar de apenas uma dose, sejam destinadas aos gaúchos nesta leva inicial. Várias unidades da federação, nas últimas semanas, têm anunciado a antecipação do cronograma de vacinação e, para que não ocorra frustração, é necessário planejamento nos três níveis da administração da área de saúde, para que o processo não seja interrompido por muito tempo.
Sem novos contratempos, com a regularização dos estoques e a grande adesão observada da população, o Estado ainda tem condições de, até setembro, garantir a primeira dose a todos os maiores de 18 anos, alcançando um grau de proteção mais amplo, que salve vidas e assegure a reativação de um número maior de atividades econômicas. Com a agilidade conquistada até agora, o Rio Grande do Sul tende a seguir ponteando a tabela de percentual da população com o esquema vacinal completo. É um horizonte que reforça a esperança de dias melhores, com volta segura ao trabalho e retomada, com os devidos cuidados, dos laços sociais.