Nas transações comerciais do dia a dia, é natural que os consumidores tenham preferência por determinadas marcas, em detrimento de outras. A competição ética e centrada na qualidade é um dos mais potentes motores do desenvolvimento econômico e social da humanidade. Mas quando o assunto é vacina, em meio a uma grave crise que apenas no Brasil mata mais de 2 mil pessoas por dia, não é razoável preterir imunizantes comprovadamente eficientes e que passaram por meticulosas e exaustivas pesquisas em diversas fases e pelo crivo de agências reguladoras pautadas pelo mais absoluto rigor e com um processo de análise transparente.
Não é razoável preterir imunizantes comprovadamente eficientes e que passaram por meticulosas pesquisas e pelo crivo de agências reguladoras
São públicas e estão disponíveis as informações sobre as razões que levaram a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) à aprovação das vacinas aplicadas hoje no Brasil e os motivos pelos quais, para outras, ainda não foi possível uma chancela. Há garantias, portanto, de que os fármacos disponíveis são eficazes, seguros e os seus benefícios superam em muito qualquer risco de efeitos adversos, até agora mínimos e sem gravidade. Mesmo que os percentuais de eficácia sejam diferentes, o verdadeiro perigo é deixar de se vacinar. É uma ameaça para si e para a sociedade, uma vez que, além da proteção individual, a vacinação em massa ergue um importante escudo coletivo destinado a deter a circulação e o avanço do vírus.
Com base na ciência e em informações altamente confiáveis disponíveis até agora, é possível afirmar, com absoluta convicção, que a melhor vacina é aquela aplicada no braço de qualquer brasileiro habilitado a recebê-la. Há, infelizmente, resistência em relação a produtos de determinada origem e receio sobre outros por reações como dor de cabeça e fadiga. No primeiro caso, há um lamentável preconceito que foge à racionalidade e, no segundo, efeitos até previstos, mas é preciso sempre ter em vista que a proteção adquirida é infinitamente mais relevante do que um mal-estar passageiro.
Sim, há diferenças entre as marcas e laboratórios, inclusive quanto à tecnologia empregada e aos processos de fabricação. Mas isso não pode se tornar um fator a atrasar ainda mais o já lento processo de imunização no Brasil. É preciso correr e alcançar a maior cobertura possível. No caso da covid-19, farmacêuticas podem até competir entre si por mercados, o que sempre é positivo, porque induz à qualidade e à queda nos preços. Mas, do ponto de vista da eficácia da construção de uma barreira imunológica, o que importa é fazer a fila andar.