Com a enxurrada de desinformação que acompanha a pandemia, muitas vezes se impõe reafirmar o óbvio: as vacinas funcionam para conter a disseminação da covid-19. Também é preciso lembrar e relembrar que, mais do que uma proteção individual, são um escudo coletivo contra a doença.
A busca acelerada por uma alta cobertura vacinal vem trazendo para algumas cidades brasileiras resultados que, em breve, poderão ser vivenciados em todo o país
Os benefícios da imunização em grande escala, já conhecidos pelos seus resultados no Exterior, como nos Estados Unidos, na Inglaterra e em Israel, aparecem também no Brasil, onde são conduzidos experimentos nesse sentido. A busca acelerada por uma alta cobertura vacinal vem trazendo para algumas cidades brasileiras resultados que, em breve, poderão ser vivenciados em todo o país.
Um estudo feito no município de Botucatu (SP), mesmo com resultados ainda preliminares, comprova os ganhos. O trabalho realizado com o imunizante da Oxford/AstraZeneca pela Universidade Estadual Paulista (Unesp), junto com o Ministério da Saúde e a prefeitura local, aponta redução de 71% dos casos positivos apenas seis semanas após a aplicação em massa da primeira dose. Todos os adultos da cidade receberam a aplicação inicial, o equivalente a 81% da população. O infectologista responsável pela pesquisa diz esperar que, como a vacina reduz sintomas, a transmissão se reduza ainda mais. A segunda dose será administrada apenas três meses após a primeira, como previsto, mas os resultados já são animadores. Assim como são promissores os dados obtidos pelo experimento com a CoronaVac em Serrana (SP), onde se observou redução de 95% das mortes e de 86% das hospitalizações. No Rio Grande do Sul também aparecem repercussões positivas, com a redução das internações, principalmente de idosos, como mostra reportagem publicada na página 14 desta edição.
São conclusões que merecem uma ampla divulgação para que a racionalidade se sobreponha a debates emocionais e às informações equivocadas ou maliciosamente espalhadas sobre a eficácia dos imunizantes disponíveis. Em um momento em que Porto Alegre e várias cidades gaúchas ingressam na vacinação de pessoas abaixo de 50 anos, são argumentos que se somam para convencer quem muitas vezes é vítima de mentiras e teses fantasiosas, ardilosamente mascaradas de verdade nas redes sociais e em aplicativos de mensagens, terrenos férteis para a manipulação da boa-fé de um grande número de pessoas.
Vacinas salvam vidas e, para que obtenham o máximo desempenho esperado na coletividade, é imprescindível que a maior quantidade possível de cidadãos procure os pontos indicados em cada município quando chegar sua vez, sem esquecer da segunda dose, necessária para a maior parte dos produtos. Será assim que a luz no fim do túnel da pandemia ficará cada vez mais próxima e fulgente.