São tranquilizadoras as palavras do novo superintendente da Polícia Federal no Rio Grande do Sul, Aldronei Antônio Pacheco Rodrigues, em entrevista concedida aos repórteres Adriana Irion e Humberto Trezzi, publicada na edição de sexta-feira de Zero Hora. Ao assegurar que "a PF não será amordaçada", o novo chefe local da corporação reafirma que eventuais
A PF mostra que permanecerá firme em um de seus mais importantes objetivos, o de apurar e expor desvios, independentemente dos poderosos de turno
pressões políticas não surtirão efeito em relação a investigações sensíveis que envolvam pessoas ligadas ao poder. Reforçar o compromisso com essa autonomia significa passar à sociedade o claro recado de que se trata de uma instituição de Estado, a serviço do país, e não de um governo, seja ele qual for.
Em pleno ano de 2021, poderia soar estranha a necessidade de reafirmar essa condição. São notórias, entretanto, pressões atuais de quem gostaria de ter um maior controle sobre a corporação que, para o bem da sociedade, estão fadadas a fracassar. Uma prova inconteste da independência da PF foi a Operação Lava-Jato, que desnudou o maior esquema de corrupção da história do país e culminou com a prisão de políticos poderosos e grandes empresários que, antes, pareciam intocáveis. As apurações sobre a promiscuidade que teve a Petrobras como epicentro alcançaram políticos de um grande número de partidos, dos mais variados matizes ideológicos, inclusive pessoas ligadas ao governo de então.
Mas está correto Aldronei Rodrigues ao reforçar que, como instituição, a PF seguirá cumprindo o seu dever e, diante de qualquer tentativa de cercear-se o trabalho de investigadores e delegados, o resultado produzido será uma reação e mais empenho de seus agentes. A confirmação dessa independência, a despeito de eventuais tentativas de intervenção, está na constatação de que apurações incômodas a aliados do governo federal seguem em curso. Não poderia ser diferente para um órgão que tem grande admiração dos brasileiros e goza de extrema credibilidade, notadamente pelo combate à corrupção nos últimos anos, como mostra especialmente a Lava-Jato.
O amadurecimento do país passa pelo fortalecimento e atuação independente de suas instituições, algo que ainda é mais importante quando uma das principais missões a serem executadas é a luta contra malfeitos com dinheiro público, uma chaga no Brasil. Com o emprego da inteligência, da tecnologia e o senso de dever de seus membros, a PF, nas palavras de Aldronei Rodrigues, mostra que permanecerá firme em um de seus mais importantes objetivos, o de apurar e expor desvios, independentemente dos poderosos de turno.