Também é de extrema importância para o país, nos aspectos individual e coletivo, a campanha de vacinação contra a gripe deflagrada ontem. Deseja-se que todos os brasileiros elegíveis, de acordo com o cronograma e as prioridades estabelecidos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), se dirijam para os postos públicos de saúde para receber a sua dose logo que possível, assim como aqueles que optam ou têm a alternativa da rede privada, em clínicas, farmácias ou nas empresas onde trabalham. Ter o maior número possível de pessoas recebendo a vacina influenza trivalente ajuda inclusive na mitigação da crise da covid-19.
É ainda uma prevenção para evitar casos graves de gripe, que porventura precisem de internação em leitos clínicos ou UTIs, hoje saturados
É preciso sublinhar que a vacina não protege diretamente contra o novo coronavírus. Mas é uma aliada no combate à pandemia. Evita infecções que muitas vezes têm sintomas confundidos com a covid-19. Assim, melhora as chances de o sistema de saúde não sofrer uma sobrecarga ainda maior, exatamente no momento em que se inicia o período do ano com as temperaturas mais baixas, quando também é comum a maior circulação de vírus de enfermidades que causam doenças respiratórias. É ainda uma prevenção para evitar casos graves de gripe, que porventura precisem de internação em leitos clínicos ou UTIs, hoje saturados com pacientes acometidos pela covid-19.
No país, o público-alvo estimado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) é de 79,7 milhões de pessoas. No Rio Grande do Sul, o objetivo é imunizar ao menos 90% dos gaúchos que fazem parte dos grupos prioritários, em torno de 5 milhões. Mesmo que exista o desafio extra de ser uma operação que ocorrerá em paralelo com a imunização contra o novo coronavírus, não há razão para duvidar da capacidade do PNI, reconhecido internacionalmente há décadas por bem-sucedidas campanhas do gênero, graças à grande capilaridade e à qualidade dos profissionais envolvidos. A grande vantagem, agora, é que as vacinas – produzidas pelo Instituto Butantan – que serão aplicadas já estão disponíveis para o calendário que vai até o dia 9 de julho. Neste ano, a vacina protegerá contra os vírus H1N1, H3N2 e a linhagem B/Victoria, os três no momento mais presentes no Hemisfério Sul.
A população precisa ainda ficar atenta para respeitar o intervalo de 14 dias entre a aplicação da vacina da covid-19 e a da gripe devido à inexistência de estudos, até agora, que garantam a segurança para que se imunize com as duas doses diferentes em um intervalo muito pequeno.
A prioridade, ressaltam as autoridades da saúde, deve ser a vacina contra o novo coronavírus, pela maior letalidade. O que se percebe até agora é que a comunicação voltada aos esclarecimentos ao público parece ser eficiente. Com disponibilidade de fármacos, uma rede estruturada e recursos humanos bem treinados e dedicados, é uma campanha que reúne todas as condições para ser exitosa.