A espera de décadas pela segunda ponte sobre o Guaíba chegou ao fim. A inauguração da nova travessia ontem pela manhã, com a presença do presidente Jair Bolsonaro, é um marco histórico que carrega uma série de significados e traz inúmeros benefícios para os gaúchos. Pelo lado econômico, vai resultar em uma importante contribuição para reduzir os custos logísticos do Rio Grande do Sul, um dos mais altos do país, ajudando a melhorar a competitividade do Estado.
O reconhecimento deve ser feito a todas as gestões que se esforçaram para a materialização desse sonho do Estado
Para os cidadãos que transitam entre a Região Metropolitana e a Metade Sul, representa o término de um período marcado por transtornos, incertezas e atrasos causados a cada vez que o vão da ponte antiga precisa ser içado. Mais do que desafogar o trânsito, vai permitir que as áreas separadas pelo Guaíba não tenham mais o tráfego cortado durante horas a fio por qualquer enguiço na estrutura que se ergue para a passagem de embarcações, como ocorreu em anos anteriores. As vantagens, é claro, serão plenas apenas quando todas as alças de acesso estiverem prontas, mas desde já é possível usufruir de uma obra portentosa de engenharia que, a despeito de todos os contratempos e atrasos por falta de verbas ao longo dos seis anos de construção, é uma imensa conquista para o Rio Grande do Sul.
Coube a Bolsonaro inaugurar a nova ponte, com o mérito de seu governo ter dado prioridade à obra, conhecida em detalhes pelo ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, sem dúvida um dos melhores nomes da esplanada. Mas o reconhecimento deve ser feito a todas as gestões que se esforçaram para a materialização desse sonho do Estado, como a de Dilma Rousseff, que deu início ao projeto, e a de Michel Temer, pela compreensão da relevância da obra e contribuição para a sua continuidade.
Não poderia ser diferente, aliás. Obras públicas não são de governos passageiros, e sim dos contribuintes, que com o suor do seu trabalho pagam os impostos que permitem aos gestores da vez levar adiante projetos de infraestrutura indispensáveis para o progresso do país. Abandoná-los ou retomá-los após longas e constantes paralisações significa não só frustração para as populações beneficiadas, mas custos ainda maiores à sociedade, sem o devido retorno.
O momento, entretanto, é de celebração. Os gargalos do modal rodoviário do Estado são conhecidos, mas aos poucos parece se solidificar a certeza de que estão sendo solucionados, dentro do ritmo possível. Ainda ontem, mais um trecho da duplicação da BR-116, tarefa a cargo do Exército, foi entregue. Agora, mais da metade do trecho entre Guaíba e Pelotas tem pista dupla. A epopeia da duplicação da RS-118, na Região Metropolitana, também está próxima do fim, após 14 anos de obras em ritmo lento. A BR-290, entre Eldorado do Sul e Pantano Grande, também será duplicada, mas a tarefa de finalizar a empreitada caberá ao futuro administrador do trecho, que será concedido.
Em um momento de grave crise fiscal, é preciso ressaltar, é este o caminho. Com os cofres dos governos em regra raspados, a lógica aponta para a necessidade de se repassar à iniciativa privada a missão de formar uma infraestrutura digna das necessidades do Rio Grande do Sul. Assim é possível ter maiores certezas de que os prazos de construção serão respeitados e, depois, que os gaúchos poderão se beneficiar de estradas com maior capacidade e mais bem conservadas.