Mostram as pesquisas de opinião que a segurança sempre aparece como uma das principais preocupações dos gaúchos. Há não muitos anos, até meados de 2017, a angústia chegou ao auge com a disparada dos índices de criminalidade no Rio Grande do Sul, especialmente dos homicídios. Mas o que se viu dali para a frente foi felizmente uma gradual redução dos números da grande maioria dos indicadores. As estatísticas de novembro confirmam a tendência, com a maior parte dos delitos caindo em relação a outubro, ao mesmo mês no ano passado e no acumulado de 2020, de acordo com os dados divulgados ontem pela Secretaria da Segurança Pública.
Este recuo reiterado nos últimos anos e meses permite concluir que os índices melhores não são um ponto fora da curva, mas um movimento consistente que, espera-se, tenha prosseguimento. É esta constatação que precisa ser celebrada. É incontestável que o Estado ainda está distante de alcançar índices civilizados de criminalidade, mas é preciso reconhecer que a política de segurança no Rio Grande do Sul caminha no rumo certo, inclusive com a manutenção de estratégias que se mostraram acertadas, apesar da troca de governo em 2019.
A curva descendente da criminalidade prova que, mesmo com recursos escassos, é possível combater a delinquência
Mesmo que parte da redução dos números possa ser creditada a uma acomodação na guerra entre facções, há grandes méritos em programas como o RS Seguro, que concentra atenção e contingentes nos 23 municípios de maior criminalidade, e nos avanços no uso da tecnologia, como o cercamento eletrônico, aliado no combate ao roubo e ao furto de veículos. Policiamento ostensivo, prevenção, integração entre Polícia Civil e Brigada Militar, compartilhamento de informações e aposta em inteligência também fazem parte dessa estratégia que vem dando certo no Rio Grande do Sul, enquanto na média brasileira a quantidade de homicídios, por exemplo, voltou a subir em 2020. Estes bons resultados, aliás, são uma construção coletiva, com a participação da sociedade civil. Uma das mais válidas iniciativas nestes últimos anos vem da contribuição do Instituto Cultural Floresta, que já doou recursos para equipar as forças de segurança do Estado e formulou as bases do atual Programa de Incentivo ao Aparelhamento da Segurança Pública (Piseg-RS), que permite à iniciativa privada reverter à área valores equivalentes a 5% do ICMS devido.
Ao longo do ano, o Rio Grande do Sul teve 1.566 homicídios dolosos, 4,5% abaixo do intervalo de janeiro a novembro do ano passado. Nos latrocínios, o número de 61 representa dois casos a mais do que no ano passado, mas representam a metade de 2017. No caso do total de assassinatos, a quantidade é 43% inferior à de três anos. E novembro, isoladamente, teve o menor volume de registros desde 2006. Uma queda notável, portanto. Chama ainda atenção que sete dos municípios atendidos pelo RS Seguro – Novo Hamburgo, Passo Fundo, Rio Grande, Bento Gonçalves, Capão da Canoa, Esteio e Guaíba – não registraram mortes violentas no mês passado.
Os feminicídios, da mesma forma, caem pelo sétimo mês seguido no Estado e, no acumulado do ano, estão 20% abaixo dos de igual período de 2019. Furtos, roubos e ataques a bancos e ao comércio, igualmente, estão em quantidades inferiores às do ano passado no acumulado de 11 meses, mostrando que o recuo das ocorrências também chega aos crimes contra o patrimônio.
A curva descendente da violência e da criminalidade no Rio Grande do Sul prova que, mesmo com recursos escassos, é possível combater a delinquência contando com um bom planejamento e a conhecida dedicação e qualidade dos homens e mulheres que fazem o dia a dia das corporações da área da segurança no Estado. Persistir nessa rota, baixando ano a ano os índices, significa dar aos gaúchos esperanças cada vez mais palpáveis de que o Rio Grande do Sul reúne plenas condições de ser um melhor lugar para viver, trabalhar em paz e prosperar.
A curva descendente da criminalidade prova que, mesmo com recursos escassos, é possível combater a delinquência