Milhares de gaúchos invisíveis precisam de uma dose extra de solidariedade e desprendimento no fim do ano. São homens, mulheres, crianças e idosos acolhidos e cuidados por uma gigantesca rede de entidades do terceiro setor que, quase sempre, cumprem um papel que deveria ser do Estado, aliviando a máquina estatal de encargos e de responsabilidades atinentes a uma das parcelas mais vulneráveis da população. Além de cumprirem com missão social da mais alta relevância, creches, asilos, abrigos e todas as demais organizações com origem na sociedade civil, mas que prestam serviços de utilidade pública, geram também emprego, renda e não raro pagam impostos muitas vezes injustos, mas que revertem para o bem comum.
O Funcriança e o Fundo do Idoso são dois dos pilares que colaboram com o funcionamento desta vasta teia de amparo aos mais necessitados
As dificuldades do dia a dia ficam ainda maiores neste momento. No encerramento do ano, o 13º salário pago aos colaboradores se transforma em um desafio adicional. Já era, em períodos normais. Torna-se um obstáculo mais difícil de transpor neste agônico 2020 de escassez de oxigênio financeiro ainda maior. Mas, felizmente, existem mecanismos por meio dos quais os cidadãos, as empresas e a sociedade em geral podem colaborar. O Funcriança e o Fundo do Idoso, constituídos por parte dos impostos a serem pagos, são dois dos pilares que colaboram com o funcionamento desta vasta teia de amparo aos mais necessitados. É de se celebrar o envolvimento cada vez maior de pessoas físicas e jurídicas nesses instrumentos, que são eficazes e de simples tramitação. Em 2020, porém, a participação da sociedade será mais importante do que nunca.
A pandemia gerou encolhimento da atividade econômica, mas os custos e encargos do terceiro setor se mantiveram iguais, quando não foram ainda mais pressionados por maior demanda. Além de ajudar no cuidado de quem realmente precisa, as doações para esses fundos estabelecem, mesmo que apenas em parte, uma certa justiça tributária, porque valores que seriam enviados a Brasília acabam ficando mais perto de quem os produz e com resultados mais palpáveis. No caso específico de Porto Alegre, são cerca de 350 projetos que podem ser contemplados, ajudando aproximadamente 50 mil crianças e adolescentes e 5 mil idosos. As doações – e a escolha das iniciativas que são contempladas – podem ser feitas pela internet por meio do site doacoes.prefeitura.poa.br até o dia 30 deste mês e depois deduzidas na declaração do imposto de renda.
Mesmo sabendo-se que 2020 foi repleto de apelos à solidariedade, amplamente atendidos pelos gaúchos, os últimos dias do ano oferecem a chance de garantir que a chegada de 2021 poderá ser melhor. São gestos que ganham ainda mais valor quando boa parte dos beneficiados não tem sequer voz para dizer obrigado. Mesmo que sintam, com toda a certeza, uma enorme gratidão.
Engajar-se individualmente nesta causa significa se investir de empatia e altruísmo. Agir de forma consequente e prudente a partir de agora, portanto, traduz-se na colaboração pela busca do bem da coletividade. Por tudo isso, o período de festas que se aproxima é o momento de expressar esperança em dias melhores, que certamente virão.