O plano de liberação gradual da economia e de outras atividades apresentado pelo governo do Estado, que obedece a um princípio chamado de distanciamento controlado, tem coerência e é sólido. Segue preceitos científicos sem achismos, observa particularidades regionais, mas, para funcionar, dependerá de uma união de propósitos que precisa ser alicerçada sobre a responsabilidade e a disciplina, tanto de gestores públicos quanto da população e demais lideranças. A adesão às linhas gerais traçadas é essencial. Não é preciso uma convergência absoluta, mas não haverá um bom resultado sem uma mínima conexão entre diferentes esferas de poder, entidades e cidadãos. Até este momento, é preciso ressaltar, o consórcio das ações vem sendo exemplar, deixando ao menos momentaneamente para trás o histórico de embates estéreis que tanto atrasaram o desenvolvimento do Estado.
Consciência e colaboração com os passos desenhados são imprescindíveis para uma aplicação exitosa da estratégia de distanciamento controlado
No pilar da responsabilidade, governantes, parlamentares e mesmo membros do Judiciário não podem tomar decisões baseados em lobbies, impulsos ou emoções. Omissões, iniciativas desajuizadas ou discursos populistas que destoem do norte das medidas previstas no plano do Piratini podem ter consequências graves nas próximas semanas. Ser uma liderança que precisa tomar decisões muitas vezes duras justo no momento em que o mundo enfrenta a maior crise sanitária em um século traz uma responsabilidade que certamente passará pelo julgamento implacável da História. Da mesma forma, é inconcebível terceirizar deveres ou mesmo tentar tirar proveito político de uma emergência. São comportamentos, portanto, que devem ser repelidos e execrados por toda a sociedade.
A disciplina, o outro sustentáculo, exige que o planejamento tenha uma execução e um monitoramento meticulosos. Sem isso, os riscos serão maiores. Mesmo boas intenções e planos solidamente elaborados podem desabar pela falta de comprometimento. Por isso, consciência e colaboração com os passos desenhados são imprescindíveis para uma aplicação exitosa da estratégia de distanciamento controlado. O engajamento de governantes, líderes de entidades, empresários e cidadãos, é preciso outra vez ressaltar, também será decisivo para que as atividades retornem gradualmente com o mínimo possível de efeitos colaterais.
Deve-se lembrar que o espaço para correções de rumo, se forem necessárias, é estreito. Mas, quando precisarem ser feitas, as retificações têm de ser adotadas com firmeza e celeridade. Errar em larga dimensão a dose da flexibilização ou titubear no recuo pode custar um número incontável de vidas e levar ao cenário também indesejado de o Estado demorar ainda mais para sair desta crise já dramática enfrentada pela população gaúcha.