Era inevitável e, na manhã de ontem, o Ministério da Saúde confirmou, com o resultado da contraprova, o primeiro caso de coronoavírus no Brasil. Com a chegada da doença ao país, tão importante quanto o acionamento dos planos de contingência, já estruturados inclusive no Rio Grande do Sul, é a difusão de informações corretas e a busca pela população de orientações com fontes oficiais e com credibilidade, para que o mal do desconhecimento não se torne um flanco aberto para disseminação do covid-19.
A tendência é de que novos casos sejam confirmados ao longo dos próximos dias e, diante desta previsão, é preciso aumentar o trabalho de vigilância
Mesmo que exista uma atenção maior com o Rio Grande do Sul e os demais Estados da região, onde o clima torna as doenças respiratórias mais comuns, é preciso ressaltar que não há motivo para pânico ou medidas desmesuradas. A prevenção, que passa pelo trabalho dos órgãos de saúde e por cuidados simples que cada cidadão pode tomar, é o melhor caminho para conter um possível surto. Ao observar uma boa higiene, lavar as mãos o maior número possível de vezes, usar da chamada etiqueta respiratória e evitar aglomerações desnecessárias, lembrou o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, os brasileiros estarão fazendo a sua parte para evitar um número maior de casos. É indispensável ainda a colaboração de quem vem de países que estão merecendo atenção e de quem entrou em contato com pessoas que estiveram em áreas de risco para que, caso sintam sintomas compatíveis, procurem rapidamente a rede de saúde.
O histórico do Brasil, infelizmente, mostra uma eficiência baixa para controlar as suas endemias. Sabe-se que a estrutura médica do país é saturada e há deficiência de estrutura. Até por isso, os planos de contingência devem, por precaução, estar preparados para lidar com os piores cenários possíveis, mesmo que nada, hoje, indique um cenário sequer parecido às cenas vistas na China.
O gigante asiático, aliás, fez um esforço hercúleo para controlar o seu surto, com medidas elogiadas pelo Organização Mundial da Saúde (OMS), mas a maior parte das ações mais drásticas vistas nos grandes centros urbanos chineses é inimaginável em outros países, como o Brasil. Os exemplos da Itália e da Coreia do Sul ilustram como focos mal controlados em seu início podem ser a porta aberta para que o vírus se espalhe em poucos dias.
No caso do Brasil, a vantagem é que o país está se preparando há mais de um mês para a chegada da doença, o que ocorre agora, em São Paulo. A tendência é de que novos casos sejam confirmados ao longo dos próximos dias. Diante desta previsão, é preciso aumentar o trabalho de vigilância para a contenção da doença, ter um monitoramento atento de situações suspeitas, assegurar agilidade nos diagnósticos e oferecer as melhores orientações de tratamento aos infectados, à espera de que a ciência ofereça respostas mais consistentes para o combate ao vírus que assusta o mundo.