Por Gabriela Ferreira, consultora em inovação e empreendedorismo e professora da PUCRS
Tommy Hilfiger, uma marca referência da moda internacional, anunciou em janeiro as seis finalistas do Fashion Frontier Challenge. Em sua segunda edição, o programa global visa apoiar empresas que estejam desenvolvendo soluções que promovam mudanças positivas e inclusivas na moda. Exatamente hoje, as selecionadas visitarão o Campus do Futuro da marca, em Amsterdã, para apresentar seus negócios a um júri de experts no evento final do concurso.
O objetivo é identificar oportunidades inovadoras que apoiem o avanço do setor. E o que oferecem essas empresas? Monitoramento de condições de trabalho na indústria têxtil em Bangladesh, espaços para refugiados desenvolverem produtos de vestuário sustentáveis, modelo de produção de coleções em tamanhos universais produzidas em impressoras 3D, roupas funcionais para pessoas com deficiências físicas, e reconversão produtiva com foco em uma indústria sustentável.
Durante a reunião de cúpula do G7 em 2019, 250 marcas, incluindo Chanel, Stella McCartney e Nike, assinaram o Fashion Pact, lançado pelo presidente francês Emmanuel Macron e pelo grupo Kering. Como parte do acordo, os signatários assumiram três compromissos principais: deter o aquecimento global zerando suas emissões líquidas até 2050, restaurar a biodiversidade e proteger os oceanos.
Uma iniciativa da ONU criou, em 2019, a Aliança das Nações Unidas para a Moda Sustentável, da qual participam diversas agências e organizações. O objetivo é apoiar a coordenação entre os órgãos da ONU que trabalham no setor e promover projetos e políticas que garantam que a cadeia da moda contribua para o alcance das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
As instituições e as empresas estão iniciando ações frente a esse cenário crítico, mas o desafio é de todos nós.
O que esses eventos têm em comum? Uma grande preocupação com o futuro. Até 2030, de acordo com a ONU, a indústria da moda deve valer US$ 3,3 trilhões, aumentando em muito, se nada for feito, a produção atual de quase 2 bilhões de toneladas de gases de efeito estufa. Isso é mais do que todas as viagens aéreas e marítimas do mundo somadas.
As instituições e as empresas estão iniciando ações frente a esse cenário crítico, mas o desafio é de todos nós. Como consumidores, temos um papel fundamental no processo, desde a decisão de compra — o que, quanto, de quem — até a responsabilidade no descarte. Estamos fazendo a nossa parte?