Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social no Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
A Comunitas divulgou o relatório BISC 2019 –Benchmarking do Investimento Social Corporativo, que apresenta o perfil dos investimentos sociais das empresas brasileiras, além de tendências e desafios da área. A pesquisa, na 12ª edição, traz resultados interessantes. A grande manchete não é boa: o investimento das empresas, fundações empresariais e institutos entrevistados foi de 2,1 bilhões na área social, 13% a menos que em 2017.
Mas este, cabe destacar, é o montante investido de forma voluntária pelas organizações, sem contar as ações socioambientais obrigatórias por lei, em função sua área de atuação e risco. Além disso, apenas 20% das ações sociais são financiadas via programas de incentivo fiscal (exceto a cultura, onde isso representa 69% do investimento), ou seja; é investimento real das organizações. Os resultados mostram que 89% das empresas já identificam a conexão dos seus projetos sociais com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU e 44% definem metas com base neles. É possível, também, ver que existem várias ações em curso para além dos projetos sociais tradicionais. Por exemplo, 66% estão apoiando startups sociais, 55% estão desenvolvendo ações que mitiguem os riscos e impactos negativos do seu negócio e 40% estão pensando novos projetos que compatibilizem o negócio da empresa com as questões socioambientais.
Desde que o conceito de Responsabilidade Social Corporativa surgiu, na década de 1950, até a emergência dos Negócios Sociais, o movimento do Sistema B, entre outros, muitas coisas mudaram. Parece que estamos afinando os instrumentos e reconhecendo que lucro não precisa se contrapor a impacto positivo, e, especialmente, que devemos evoluir na busca do tripé da sustentabilidade: econômica, ambiental e social.
Quando temos, no Brasil, em pleno contexto de um desastre ambiental, uma startup que desenvolveu um absorvedor orgânico de petróleo considerado o melhor do mundo (foi, este ano, vencedora da competição nacional da Amcham e eleita uma das 12 melhores startups do mundo na competição Startup World Cup Global Pitch Competition & Conference); quando o Fórum Econômico Mundial lança o tema "Stakeholders para um mundo coeso e sustentável" para a reunião de Davos 2020, percebemos que precisamos e podemos fazer melhor. Vamos juntos?