Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social no Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
O aumento do alcance e da velocidade das conexões, possibilitado pela internet, além de muitos benefícios, traz um cenário cada vez mais complexo, e às vezes implacável, para as empresas. Quando a repercussão da opinião pública é quase instantânea, em segundos – e alguns caracteres –, um negócio pode ter seu valor significativamente reduzido. Assim, não adianta a marca (o que a empresa diz de si) comunicar uma coisa e sua reputação (a percepção das pessoas em relação a ela) dizer outra; elas são, cada vez mais, indissociáveis.
Para entender esse contexto a consultoria FleishmanHillard desenvolveu, entre abril e maio de 2019, o estudo Authenticity Gap (Lacunas de Autenticidade), buscando conhecer a opinião das pessoas sobre as marcas que consomem. A pesquisa entrevistou 7364 consumidores, com idades entre 18 e 65 anos, no Brasil, Canadá, China, Alemanha, Reino Unido e EUA.
Os resultados revelam que, para 47% dos consumidores, a percepção sobre as empresas está baseada em seus produtos e serviços, enquanto que para a maioria, 53%, a avaliação é dependente do comportamento da empresa e seu impacto na sociedade. Embora sejam consumidores considerados engajados, eles parecem bastante realistas, já que não esperam que os negócios "consertem o mundo", mas sim cuidem especificamente das questões que estão sob seu controle.
Para 55% dos entrevistados as empresas devem ter compreensão das necessidades de seus clientes, 47% querem que elas criem soluções para reduzir seu impacto no ambiente e 42% desejam saber se elas estão cuidando do efeito das suas ações no bem-estar dos consumidores e funcionários. Os resultados também mostram que 72% não se importam com os valores pessoais do CEO (gestor), mas querem que ele tome uma posição clara em relação ao impacto dos negócios na sociedade, especialmente assuntos que afetam os clientes e funcionários.
As organizações, de forma geral, estão sendo demandadas a se posicionarem sobre uma ampla gama de questões socioambientais. E, se há desafios, existem também inúmeras oportunidades vinculadas ao desenvolvimento de estratégias socialmente sintonizadas, à inovação com propósito e à melhoria das práticas corporativas.
Considerando que as empresas dependem dos clientes para existirem, que tal pensar em impactar (positivamente) este mundo?