Por Gabriela Ferreira, líder de Impacto Social no Tecnopuc e diretora técnica da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec)
A Organização Internacional de Normalização (ISO, sigla em inglês) define e aprova padrões internacionais em um grande número de áreas de interesse técnico e econômico. A organização, da qual o Brasil é membro desde o início das atividades, em 1947, tem milhares de normas aprovadas, que, no nosso país, são gerenciadas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas).
Possivelmente as mais conhecidas sejam a ISO 9.001, de 1987, que padroniza a qualidade e a primeira a se tornar internacionalmente adotada, e a ISO 14001, que trata de gestão ambiental.
Pois, se a bola da vez é inovar, acaba de ser lançada, em julho deste ano, a ISO 56002, exatamente a ISO da inovação. E, mais: o Brasil tem a primeira certificação do mundo, de uma empresa de serviços tecnológicos localizada no Ceará, juntamente com a empresa de águas de Dubai, nesse caso uma organização governamental.
Mas como isso é possível, se o Brasil ocupa a 66ª posição no Índice Global de Inovação, tendo caído no ranking na última avaliação? Além disso, foi o país que mais caiu no Índice de Competitividade Mundial, na pesquisa de 2018 do Fórum Econômico Mundial, passando da 50ª. para a 72ª. posição, em lista de 129 países. Os dados mostram o que somos: um país com enormes diferenças e problemas estruturais, mas com organizações com grande capacidade de inovar. E, como a própria norma ISO 56002 menciona, a capacidade de inovação das organizações é um fator-chave para o crescimento sustentado e o aumento do bem-estar e desenvolvimento da sociedade.
O documento fornece orientação para o estabelecimento, implementação, manutenção e melhoria contínua de um sistema de gerenciamento de inovação. O foco está nas organizações estabelecidas, com o entendimento de que, tanto as organizações temporárias quanto as start-ups, podem também se beneficiar aplicando essas diretrizes, no todo ou em parte. E, apesar de regra, justamente por tratar-se de inovação, não é matemática. Os princípios que regem essa ISO tratam de Propósito de agregação de valor, Liderança, Direção estratégica, Gestão da incerteza, Gestão de insights, Adaptabilidade, Abordagem sistêmica e, finalmente sempre ela, a Cultura organizacional para inovação.
Já temos a norma e até a primeira certificação. Vamos fazer da inovação a regra?