É notável o salto tecnológico do agronegócio gaúcho nas últimas décadas. Tanto que os níveis de qualidade e de produtividade alcançados alçaram nossos produtos a lugar de protagonismo nos mercados mundiais, competindo com gigantes econômicos de igual para igual e, em muitos casos, com reconhecida vantagem.
O Rio Grande do Sul tem sua saúde econômica vinculada ao sucesso do agronegócio, que tem peso definitivo na composição do nosso PIB
A vertiginosa transformação do mundo impõe, agora, novos desafios. O Rio Grande do Sul tem sua saúde econômica vinculada ao sucesso do agronegócio, que tem peso definitivo na composição do nosso PIB. Nesse contexto, não é mais aceitável que uma estiagem gere estragos tão grandes. Apesar dos melhoramentos genéticos, dos avanços no manejo e da tecnologia das máquinas e implementos, ainda patinamos no quesito irrigação.
Limitações ambientais e altos custos se apresentam como barreiras reais e legítimas. Em uma visão mais ampla, as boas safras dos últimos anos ainda justificam e compensam eventuais prejuízos, especialmente em culturas como o milho, que perderam a chamada “janela de chuva” e agora contabilizam prejuízos irrecuperáveis, especialmente entre pequenos agricultores, parte fundamental do tecido produtivo do Rio Grande do Sul.
Somem-se a isso os sinais visíveis de que o clima do planeta sofre com as mudanças climáticas, alterando a natureza e a duração de ciclos antes bem mais previsíveis. Linhas de crédito acessíveis seriam um bom começo para garantir o abastecimento de água nas nossas unidades produtoras.
Mesmo que as comparações tenham validade limitada, porque peculiaridades culturais, econômicas e geográficas definem contornos de realidades distintas, há exemplos, mundo afora, de países que produzem com bem menos recursos hídricos do que os nossos. Mais do que resultado de sobressaltos esporádicos, a política de irrigação, que já inspirou até nome de uma secretaria durante o governo de Yeda Crusius, entre 2007 e 2010, merece ser objeto constante de políticas públicas e privadas que, somadas ao talento inovador do nosso agronegócio, garantam a redução máxima de prejuízos como os observados nesse verão.